CRISTIANISMO E UNIVERSIDADE

Seja bem-vindo a "CRISTIANISMO E UNIVERSIDADE". Aqui procuraremos apresentar artigos acerca de assuntos acadêmicos relacionados aos mais diversos saberes, mantendo sempre a premissa de que a teologia é a rainha das ciências, pois trata dos fundamentos (pressupostos) de todo pensamento, bem como de seu encerramento ou coroamento final. Inspiramo-nos em John Wesley, leitor voraz de poesia e filosofia clássica, conhecedor e professor de várias línguas, escritor de livros de medicina, teólogo, filantropo, professor de Oxford e pregador fervoroso do avivamento espiritual que incendiou a Inglaterra no século XVIII.

A situação atual é avaliada dentro de seus vários aspectos modais (econômico, jurídico, político, linguístico, etc.), mas com a certeza de que esses momentos da realidade precisam encontrar um fator último e absoluto que lhes dê coerência. Esse fator último define a cosmovisão adotada. Caso não reconheçamos Deus nela, incorreremos no erro de absolutizar algum aspecto modal, que é relativo por definição.

A nossa cosmovisão não é baseada na dicotomia "forma e matéria" (pensamento greco-clássico), nem na dicotomia "natureza-graça" (catolicismo), nem na "natureza-liberdade" (humanismo), mas, sim, na tricotomia "criação-queda-redenção" (pensamento evangélico).

ESTE BLOG INICIOU EM 09 DE JANEIRO DE 2012





domingo, 15 de dezembro de 2013

ESPIRITUALIDADE E CIDADANIA

Nos dias 13 e 14 de 2013, através de um convite do governo do Estado do Ceará, fiz duas exposições de 4 horas na Escola Porto Iracema das Artes sobre o tema "Espiritualidade e Cidadania" para um Curso de Capacitação de Comunidades Terapêuticas, as quais trabalham na recuperação de dependentes químicos. Segue abaixo a síntese das exposições que consta na apostila do curso:

O QUE É CIDADANIA? 

Em um sentido mais estrito, a cidadania é a prerrogativa de votar e ser votado no processo eleitoral. Em um sentido amplo, ela é a projeção nos campos jurídico, político, econômico e social da dignidade da pessoa humana. Nessa última acepção, envolve tanto o feixe de direitos fundamentais como a responsabilidade solidária pela promoção do bem comum.
A ideia de dignidade da pessoa humana desenvolveu-se historicamente no ocidente a partir da concepção judaico-cristã segundo a qual o homem foi criado à imagem de Deus. A condição humana de pessoa (ser singular, não intercambiável) exige que o ser humano seja tratado sempre como um fim e nunca como um meio (Kant). Enquanto as pessoas devem ser amadas, as coisas devem ser usadas (Martin Buber). Não devemos inverter essa ordem, amando coisas e usando pessoas.
O homem, como ser moral, está sob o Direito Posto, que, por sua vez, deve estar de acordo com o Direito Natural. O Direito Natural é aquele que se funda nas exigências da natureza humana. Ele estabelece para o homem deveres para com os outros (aspecto social da natureza humana), deveres de moderação e organização interior (aspecto racional da natureza humana) e deveres para com o Criador (aspecto espiritual da natureza humana). Como o homem deve ser um ser integrado e os seus deveres naturais fluem cruzando a linha vertical com a horizontal, não podemos separar a cidadania da espiritualidade.
Observamos ainda que ser cidadão efetivo não acontece apenas pela menção em textos legais de suas prerrogativas, sendo também necessário que elas sejam assumidas com consciência da dignidade que pertence ao homem e de sua responsabilidade como agente histórico.

RELAÇÃO ENTRE CIDADANIA E ESPIRITUALIDADE

O homem não apenas participa do gênero animal através da corporeidade, mas se eleva pela razão e pela espiritualidade. Como ser racional, o homem é ser pensante e reflexivo. Como ser espiritual, o homem se abre para a transcendência, aspirando à imortalidade e à felicidade que não se alcança pelos meros recursos terrenos. A espiritualidade é o cume da dignidade humana.
Pelo corpo, temos consciência do mundo material, enquanto, pela razão, temos consciência de nós mesmos. É, porém, pelo espírito, que temos consciência de Deus e da eternidade.
O cultivo da espiritualidade faz-nos ver o modelo do mundo melhor, o que serve de referência para o agir transformador neste mundo presente. Os que se limitam às perspectivas desse mundo imperfeito, carregado de injustiças, são fortemente tentados a desanimar da esperança. A crença em algo melhor, para além desse mundo, traz o ânimo para a ação transformadora, enquanto a esperança de correção das injustiças estimula a luta pela justiça. Assim, a abertura para uma justiça perfeita e invencível na transcendência reforça a fibra moral e apóia as melhores recomendações da consciência.
A espiritualidade traz sentido para a vida, libertando-a do caos e da anomia que tão freqüentemente conduzem ao suicídio e à depressão.
Aqueles que estão fragilizados por baixa estima, distúrbios familiares e angústia existencial são facilmente conduzidos ao uso de drogas, procurando fugir de seus dilemas ou compensá-los com prazeres de “elevação”. Notadamente, pode-se perceber que o que é oferecido através das drogas é um falso substituto para espiritualidade. Negligenciar a espiritualidade é, portanto, criar pessoas vulneráveis aos vícios degradantes.
Como a cidadania é o reconhecimento da dignidade humana em suas várias dimensões, ela não pode ser desassociada daquela que é a mais elevada do ser humano. A cidadania, portanto, reivindica atenção para com a espiritualidade e a espiritualidade reforça a cidadania.   


Dr. Glauco Barreira Magalhães Filho

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