A igreja católica romana afirma
que Pedro foi o fundador da igreja de Roma e o seu primeiro bispo. Seriam
verdadeiras essas afirmações? O presente artigo pretende oferecer respostas.
A
Bíblia não diz em passagem alguma que Pedro tenha sido o bispo de Roma.
Provavelmente, a igreja de Roma foi fundada por pessoas estrangeiras que
estavam em Jerusalém e se converteram no dia de Pentecostes. Essas pessoas
foram espalhadas depois da perseguição seguinte a morte de Estevão e pregaram o
evangelho por toda parte (Atos 8: 4).
Paulo
escreveu uma carta para a igreja de Roma. No último capítulo, ele mandou
saudação nominal para várias pessoas, mas não mencionou em parte alguma o nome
de Pedro.
No
livro de Atos, nós lemos que Paulo chegou a Roma e reuniu-se com os irmãos
(Atos 28:15). Nenhuma menção é feita a Pedro.
Vamos
agora considerar a opinião de alguns historiadores católicos. Comecemos com o
sacerdote romanista LORENZO TURRADO. Ele falou o seguinte sobre o nascimento da
igreja em Roma:
“O
mais provável é que resultara da cooperação de muitos, em virtude de muita
gente de todos os países afluir aRoma, por sua condição de Capital do Império,
sendo, pois, óbvio supor-se que, entre tantos, houvesse também cristãos, os
quais se agrupavam em comunidade, levando a mensagem do Evangelho aos
habitantes da cidade. É possível que isto acontecesse desde os primeiros dias
da Igreja se os ‘FORASTEIROS ROMANOS’ ouvintes da pregação de Pedro no dia de
Pentecostes (Atos 2: 10) se converteram.”
Acerca da
tradição que diz ter Pedro ido a Roma no reinado de Cláudio (41-54) e lá
permanecido por 25 anos, diz TURRADO:
“Temos
que reconhecer, todavia, que todas estas informações são tardias e, embora por
muitos aceitas, NÃO SÃO SUFICIENTEMENTE GARANTIDAS.” (BÍBLIA COMENTADA –
Biblioteca de Autores Cristianos, Madrid, 1965, Vol. VI, p. 251-252).
Para
TURRADO, a única coisa de que não se pode duvidar é do martírio de Pedro em
Roma.
O
autor católico Philip Hugues, em sua “História da Igreja de Cristo”, cuja
tradução para o português foi divulgada em 1954 pela Companhia Editora Nacional
(S. Paulo), disse:
“Não
sabemos a data precisa em que a Igreja de Roma foi fundada, tampouco a data em
que S. Pedro, pela primeira vez, foi a esta cidade” (p. 17-18).
O
frade DAGOBERTO ROMAG, OFM, lente de História Eclesiástica, em seu livro
“Compêndio de História da Igreja” (Petrópolis: Vozes, 1939), disse:
“Infelizmente,
as notícias que possuímos de S. Pedro são muito escassas. Os Atos dos Apóstolos
só se referem a sua pregação em Jerusalém e outras partes da Palestina até o
batismo de Cornélio. A sua atividade durante os anos seguintes é quase
completamente desconhecida”(p. 48).
Se
o bispado de Pedro em Roma fosse tão importante como o catolicismo quer
sugerir, porque a Bíblia não destacou isso? Por que a Bíblia não reconheceu
qualquer superioridade da igreja romana sobre as outras?
DANIEL
ROPS é um autor católico que foi membro da Academia Francesa de Letras. Ele
publicou em 6 volumes a sua “História da Igreja de Cristo”, cuja tradução para
o português foi divulgada pela Livraria Tavares Martins, de Porto (Portugal),
em 1960. Seguem as suas palavras:
“A
estada de S. Pedro em Roma constitui um dos mais palpitantes assuntos de
discussão pelo que se refere a esse período da história cristã, discussão tanto
mais viva quanto uma relação precisa entre a igreja de Roma e S. Pedro é
evidentemente de toda a importância, quanto à origem da autoridade dos papas”(p.
108- nota 22).
“Infelizmente,
não temos informações seguras sobre a ação desenvolvida pelo príncipe dos
apóstolos depois de sua estada em Antioquia” (p. 108-109).
É
claro que todos esses autores, sendo católicos, sustentam que Pedro foi Papa em
Roma. São obrigados a sustentar aquilo de que não estão convencidos como
historiadores. Tenho piedade deles!
Algumas
“autoridades romanistas”, entretanto, não mostram nenhum resquício de bom senso
em sua submissão ao dogma papista. O clérigo Rivaux, em seu “Tratado de
História Eclesiástica” (Porto, 1876), disse:
“O
pontificado de S. Pedro durara 33 anos e alguns meses, dos quais, quase 8
passados em Jerusalém e, depois, em Antioquia, e 25 anos, 2 meses e 7 dias em
Roma” (p. 78).
O
papista esqueceu de mencionar as horas, os minutos e os segundos!
A Bíblia
não coloca Roma em nenhuma proeminência. A igreja nasceu em Jerusalém (Atos 2).
As missões gentílicas saíram de Antioquia (Atos 13). Foi a partor de Roma que
vieram as mais severas perseguições contra os cristãos. Daniel profetizou que o
povo do futuro anticristo destruiria Jerusalém e o templo (Daniel 9: 26) e nós
sabemos que os romanos fizeram isso no ano 70 da era cristã. O próprio Pedro
chamou Roma de BABILÔNIA (I Pedro 5: 13), termo que no Apocalipse designa o
falso sistema religioso. O pai da igreja denominado Irineu (130-202 d.C)
sugeriu a associação do nome “Lateinos” (de “latim”, língua romana) com o
número 666 (“Contra as Heresias”, Lv. 5, cap. 30).
Vale
salientar que a igreja primitiva não tinha o bispado monárquico. Em cada igreja
havia muitos bispos (Filipenses 1:1, Atos 20: 17, 28).
Pedro se
considerava apenas um bispo ou presbítero entre outros:
“Portanto,
suplico aos presbíteros que há entre vós, eu que sou presbítero com eles”(I
Pedro 5: 1).
Jesus
disse a Pedro que pastoreasse as suas ovelhas (junto com os outros) e não que
pastoreasse os seus pastores!
Dr. Glauco Barreira Magalhães
Filho (Doutor em Sociologia, Doutor em Teologia, Doutor em Ministério,
Pós-graduado em Teologia Histórica e Dogmática, Professor de Hermenêutica)
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