domingo, 24 de março de 2013

PEDRO NÃO FOI PAPA (PARTE II)


Jesus mandou Pedro apascentar ovelhas (“Apascenta as minhas ovelhas” – João 21: 16, 17), mas não o mandou pastorear pastores. Ele nunca foi príncipe entre os apóstolos. Quando ele quis saber sobre a vida do apóstolo João (“Senhor, e deste que será?” – João 21: 21), Jesus lhe respondeu: “Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? Segue-me tu” (João 21: 22).
            Paulo mostra que a reputação de Pedro não o colocava em superioridade a Tiago e João:

“E conhecendo Tiago, Cefas (= Pedro) e João, que eram CONSIDERADOS COMO AS COLUNAS...” (Gálatas 1: 9)

            Ainda, assim, Paulo não considerou a reputação desses três como sinal de qualquer superioridade em relação aos demais:

“E, quanto àqueles que pareciam ser alguma coisa (quais tenham sido noutro tempo, não se me dá; Deus não aceita a aparência do homem), esses, digo, que pareciam ser alguma coisa, nada me comunicaram” (Gálatas 2: 6)

            Paulo não temeu repreender a Pedro abertamente:

“E, chegando Pedro a Antioquia, eu lhe resisti na cara, porque era repreensível.... disse a Pedro na presença de todos: Se tu, sendo judeu, vives como os gentios e não como os judeu, por que obrigas os gentios a viverem como os judeus?” (Gálatas 2: 11 e 14).

            No Concílio de Jerusalém, o primeiro da história da igreja, Pedro e Paulo trouxeram elementos fáticos que informaram a decisão, mas foi Tiago quem deu a palavra decisiva e final (Atos 15: 13- 22). Tiago tinha maior destaque que Pedro na igreja pioneira de Jerusalém. Quando Paulo foi a Jerusalém, reuniu-se com os presbíteros da igreja na casa de Tiago (Atos 21: 18). Os crentes de Jerusalém, como disse Paulo, eram “da parte de Tiago” (Gálatas 2: 12).
            Pedro se submetia ao colégio apostólico:

“Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, ENVIARAM lá Pedro e João” (Atos 8: 14).

            Pedro disse que Jesus, não ele, era o “sumo Pastor” (I Pedro 5: 4).
Pedro nunca disse que era papa, nem a Bíblia nunca fala em sucessão papal. Não há também nenhuma prova de que Pedro tenha sido bispo de Roma. Na carta de Paulo para a igreja de Roma, ele manda saudação para muita gente (Romanos 16), mas nunca fala em Pedro. Trata-se de uma carta para corrigir erros doutrinários, mas isso seria desnecessário se Pedro estivesse lá.
            Pedro, diferentemente dos papas, não acredita que tinha poder de perdoar pecados:

“Mas disse-lhe Pedro.... Arrepende-te, pois, dessa tua iniqüidade e ORA A DEUS, PARA QUE, PORVENTURA, TE SEJA PERDOADO O PENSAMENTO DO TEU CORAÇÃO” (Atos 8: 20-22).

            È verdade que Pedro recebeu as chaves do Reino dos Céus (ministério de pregação), mas todos os apóstolos também receberam. Eis o que Jesus disse aos doze reunidos:

“Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu” (Mateus 18: 18)

            Essas chaves anteriormente estavam na mão dos escribas e fariseus (Mateus 23: 13).
Pedro, diferentemente dos papas, não aceitava que alguém se curvasse perante ele:

“E, aconteceu que, entrando Pedro, saiu Cornélio a recebê-lo e, prostrando-se a seus pés, o adorou. Mas Pedro o levantou, dizendo: Levanta-te, que eu também sou homem” (Atos 10: 25-26)
           
            Pedro, diferentemente dos papas, tinha esposa que o acompanhava:

“Não temos nós direito de levar conosco uma esposa crente, como também os demais apóstolos, e os irmãos do Senhor, e CEFAS (=Pedro)?” (I Coríntios 9: 5).

            A Bíblia, inclusive, menciona que Jesus curou a sogra de Pedro (Marcos 1: 29-31).
            Pedro se considerava um pastor como qualquer outro:

“Aos presbíteros, que estão entre vós, admoesto eu, que sou TAMBÉM PRESBÍTERO COM ELES...” (II Pedro 5: 1)

            Quando Marcos registra que o anjo disse as mulheres para avisar acerca da ressurreição de Cristo aos discípulos e a Pedro (Marcos 16: 7), isso não indica nenhuma superioridade de Pedro, mas, sim, uma possível discriminação da sua pessoa entre os discípulos pelo fato de ele ter negado Jesus três vezes depois de ter dito que todos os outros negariam menos ele. 

Dr. Glauco Barreira Magalhães Filho
Doutor em Teologia
Doutor em Ministério
Pós-graduado em Teologia Histórica e Dogmática
Professor de Hermenêutica
Professor de História das Missões

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