Jesus mandou Pedro apascentar ovelhas (“Apascenta as
minhas ovelhas” – João 21: 16, 17), mas não o mandou pastorear pastores.
Ele nunca foi príncipe entre os apóstolos. Quando ele quis saber sobre a vida
do apóstolo João (“Senhor, e deste que será?” – João 21: 21), Jesus lhe
respondeu: “Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti?
Segue-me tu” (João 21: 22).
Paulo
mostra que a reputação de Pedro não o colocava em superioridade a Tiago e João:
“E conhecendo Tiago, Cefas (=
Pedro) e João, que eram CONSIDERADOS COMO AS COLUNAS...” (Gálatas 1: 9)
Ainda,
assim, Paulo não considerou a reputação desses três como sinal de qualquer
superioridade em relação aos demais:
“E, quanto àqueles que
pareciam ser alguma coisa (quais tenham sido noutro tempo, não se me dá; Deus
não aceita a aparência do homem), esses, digo, que pareciam ser alguma coisa,
nada me comunicaram” (Gálatas 2: 6)
Paulo
não temeu repreender a Pedro abertamente:
“E, chegando Pedro a
Antioquia, eu lhe resisti na cara, porque era repreensível.... disse a Pedro na
presença de todos: Se tu, sendo judeu, vives como os gentios e não como os
judeu, por que obrigas os gentios a viverem como os judeus?” (Gálatas 2: 11
e 14).
No
Concílio de Jerusalém, o primeiro da história da igreja, Pedro e Paulo
trouxeram elementos fáticos que informaram a decisão, mas foi Tiago quem deu a
palavra decisiva e final (Atos 15: 13- 22). Tiago tinha maior destaque que
Pedro na igreja pioneira de Jerusalém. Quando Paulo foi a Jerusalém, reuniu-se
com os presbíteros da igreja na casa de Tiago (Atos 21: 18). Os crentes de
Jerusalém, como disse Paulo, eram “da parte de Tiago” (Gálatas 2: 12).
Pedro
se submetia ao colégio apostólico:
“Os apóstolos, pois, que
estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, ENVIARAM
lá Pedro e João” (Atos 8: 14).
Pedro
disse que Jesus, não ele, era o “sumo Pastor” (I Pedro 5: 4).
Pedro nunca
disse que era papa, nem a Bíblia nunca fala em sucessão papal. Não há também
nenhuma prova de que Pedro tenha sido bispo de Roma. Na carta de Paulo para a
igreja de Roma, ele manda saudação para muita gente (Romanos 16), mas nunca
fala em Pedro. Trata-se de uma carta para corrigir erros doutrinários, mas isso
seria desnecessário se Pedro estivesse lá.
Pedro,
diferentemente dos papas, não acredita que tinha poder de perdoar pecados:
“Mas disse-lhe Pedro....
Arrepende-te, pois, dessa tua iniqüidade e ORA A DEUS, PARA QUE, PORVENTURA, TE
SEJA PERDOADO O PENSAMENTO DO TEU CORAÇÃO” (Atos 8: 20-22).
È verdade
que Pedro recebeu as chaves do Reino dos Céus (ministério de pregação), mas
todos os apóstolos também receberam. Eis o que Jesus disse aos doze reunidos:
“Em verdade vos digo que tudo
o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra
será desligado no céu” (Mateus 18: 18)
Essas
chaves anteriormente estavam na mão dos escribas e fariseus (Mateus 23: 13).
Pedro,
diferentemente dos papas, não aceitava que alguém se curvasse perante ele:
“E, aconteceu que, entrando
Pedro, saiu Cornélio a recebê-lo e, prostrando-se a seus pés, o adorou. Mas
Pedro o levantou, dizendo: Levanta-te, que eu também sou homem” (Atos 10:
25-26)
Pedro,
diferentemente dos papas, tinha esposa que o acompanhava:
“Não temos nós direito de
levar conosco uma esposa crente, como também os demais apóstolos, e os irmãos
do Senhor, e CEFAS (=Pedro)?” (I Coríntios 9: 5).
A
Bíblia, inclusive, menciona que Jesus curou a sogra de Pedro (Marcos 1: 29-31).
Pedro
se considerava um pastor como qualquer outro:
“Aos presbíteros, que estão
entre vós, admoesto eu, que sou TAMBÉM PRESBÍTERO COM ELES...” (II Pedro 5:
1)
Quando
Marcos registra que o anjo disse as mulheres para avisar acerca da ressurreição
de Cristo aos discípulos e a Pedro (Marcos 16: 7), isso não indica
nenhuma superioridade de Pedro, mas, sim, uma possível discriminação da sua
pessoa entre os discípulos pelo fato de ele ter negado Jesus três vezes depois
de ter dito que todos os outros negariam menos ele.
Dr. Glauco Barreira Magalhães
Filho
Doutor em Teologia
Doutor em Ministério
Pós-graduado em Teologia Histórica
e Dogmática
Professor de Hermenêutica
Professor de História das Missões
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