O
Apóstolo João escreveu o Apocalipse aproximadamente 35 anos após a crucificação
de Pedro. Nesse livro, Jesus orienta João a escrever cartas para sete igrejas,
não estando a igreja de Roma entre elas. Caso a igreja de Roma tivesse
preeminência sobre as outras (como imagina o papismo), não seria incrível que o
Apocalipse não lhe fosse endereçado?
Dentre as
igrejas destinatárias das cartas no Apocalipse, a de Filadélfia recebe elogios
singulares. Caso a de Roma tivesse a projeção imaginada, não deveria ela
receber elogios ou, pelo menos, uma palavra de reconhecimento por sua pretensa
autoridade?
João escreveu
um evangelho, três epístolas universais e o Apocalipse. Ele viveu significativo
tempo depois da morte de Pedro, bem como escreveu depois de sua partida. Caso
Pedro fosse “Papa”, não o teria mencionado João?
Na sua
terceira carta, João recrimina um certo Diótrefes, pois “gosta de exercer a
primazia entre eles” (versículo 9). Será que esse João defenderia o primado de
alguém além de Cristo?
O historiador católico
Peter Rosa disse:
“Pode ser
um choque para eles [católicos] saber que os grandes Pais da Igreja não
viam conexão alguma entre a declaração [Mateus 16:18] e o papa... Nenhum
deles chama o bispo de Roma de ‘pedra’ ou aplica especificamente a ele a promessa
das chaves do Reino... Para os Pais é a fé de Pedro – ou o Senhor em quem Pedro
depositara sua fé – que é chamado de ‘pedra’ e não Pedro... nenhum dos Pais
fala de uma transferência de poder de Pedro aos que o sucederam... Não há
indicação alguma de um ofício petrino permanente.
Então a
igreja primitiva não olhava para Pedro como bispo de Roma, nem, por
conseguinte, pensava que todo bispo de Roma seria o seu sucessor... Os
evangelhos não criaram o papado; porém o papado buscou apoio nos Evangelhos.”[1]
Outro
historiador católico devoto, Von Dollinger, afirmou:
“De todos os Pais que interpretam estas passagens
nos Evangelhos (Mateus 16:18, João 21: 17), nenhum as aplica ao bispo de Roma
como sucessor de Pedro. Quantos Pais se ocuparam com estes textos, mas nenhum
daqueles cujos comentários possuímos – Orígenes, Crisóstomo, Hilário,
Agostinho, Cirilo, Teodoro e aqueles cujas interpretações são coletadas às
centenas – têm sequer insinuado que o primado de Roma é a conseqüência da
comissão e promessa feita a Pedro!
Nenhum
deles explicou que a pedra ou fundamento sobre o qual Cristo construiria a sua
igreja seria o ofício dado a Pedro que devia ser transmitido aos seus
sucessores, mas entenderam que se
tratava do próprio Cristo ou da confissão de fé de Pedro sobre Cristo; muitas
vezes afirmando que eram as duas coisas juntas.”[2]
Dr. Glauco Barreira Magalhães Filho
Pós-Graduado em Teologia Histórica e Dogmática
Doutor em Teologia
Nenhum comentário:
Postar um comentário