segunda-feira, 29 de abril de 2013

PEDRO NÃO FOI PAPA - PARTE III


            O Apóstolo João escreveu o Apocalipse aproximadamente 35 anos após a crucificação de Pedro. Nesse livro, Jesus orienta João a escrever cartas para sete igrejas, não estando a igreja de Roma entre elas. Caso a igreja de Roma tivesse preeminência sobre as outras (como imagina o papismo), não seria incrível que o Apocalipse não lhe fosse endereçado?
Dentre as igrejas destinatárias das cartas no Apocalipse, a de Filadélfia recebe elogios singulares. Caso a de Roma tivesse a projeção imaginada, não deveria ela receber elogios ou, pelo menos, uma palavra de reconhecimento por sua pretensa autoridade?
João escreveu um evangelho, três epístolas universais e o Apocalipse. Ele viveu significativo tempo depois da morte de Pedro, bem como escreveu depois de sua partida. Caso Pedro fosse “Papa”, não o teria mencionado João?
Na sua terceira carta, João recrimina um certo Diótrefes, pois “gosta de exercer a primazia entre eles” (versículo 9). Será que esse João defenderia o primado de alguém além de Cristo?
O historiador católico Peter Rosa disse:

“Pode ser um choque para eles [católicos] saber que os grandes Pais da Igreja não viam conexão alguma entre a declaração [Mateus 16:18] e o papa... Nenhum deles chama o bispo de Roma de ‘pedra’ ou aplica especificamente a ele a promessa das chaves do Reino... Para os Pais é a fé de Pedro – ou o Senhor em quem Pedro depositara sua fé – que é chamado de ‘pedra’ e não Pedro... nenhum dos Pais fala de uma transferência de poder de Pedro aos que o sucederam... Não há indicação alguma de um ofício petrino permanente.
Então a igreja primitiva não olhava para Pedro como bispo de Roma, nem, por conseguinte, pensava que todo bispo de Roma seria o seu sucessor... Os evangelhos não criaram o papado; porém o papado buscou apoio  nos Evangelhos.”[1]

Outro historiador católico devoto, Von Dollinger, afirmou:

“De todos os Pais que interpretam estas passagens nos Evangelhos (Mateus 16:18, João 21: 17), nenhum as aplica ao bispo de Roma como sucessor de Pedro. Quantos Pais se ocuparam com estes textos, mas nenhum daqueles cujos comentários possuímos – Orígenes, Crisóstomo, Hilário, Agostinho, Cirilo, Teodoro e aqueles cujas interpretações são coletadas às centenas – têm sequer insinuado que o primado de Roma é a conseqüência da comissão e promessa feita a Pedro!
Nenhum deles explicou que a pedra ou fundamento sobre o qual Cristo construiria a sua igreja seria o ofício dado a Pedro que devia ser transmitido aos seus sucessores, mas entenderam  que se tratava do próprio Cristo ou da confissão de fé de Pedro sobre Cristo; muitas vezes afirmando que eram as duas coisas juntas.”[2]  

Dr. Glauco Barreira Magalhães Filho
Pós-Graduado em Teologia Histórica e Dogmática
Doutor em Teologia
Doutor em Sociologia


[1] ROSA, Peter. Vicars of Christ: The Dark Side of the Papacy. Crown Publishers, 1988, p. 24-25
[2] VON DOLLINGER, J. H. Inaz. The Pope and the Council. London, 1869, p. 74

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