EU FIZ A MINHA ESCOLHA. E AGORA?
A
alegria de passar no vestibular é algo inesquecível, porque ela combina o
sucesso de um esforço com o resultado de uma escolha. Tal esforço não se trata
de um empreendimento para sair de uma situação dolorosa imposta por força maior,
nem de uma luta para atender a uma necessidade inexorável. Antes, revela o
êxito de uma concentração de energias para alcançar uma meta livremente
escolhida.
Após
a conquista e passado o primeiro semestre da Faculdade, a euforia inicial do
aluno é transformada em um novo desafio: a conclusão do curso. Nos últimos
semestres, mistura-se o alívio de estar chegando ao fim com a ansiedade de
conseguir um emprego e entrar no mundo da concorrência.
Quando
ponderamos essa sucessão de escolhas, bem como outras que virão, como
casamento, investimentos e outras coisas, sentimos que a vida parece estar se
desenrolando em meio a uma incógnita. A reflexão ampla que contempla o todo
também leva a mente para o assunto que todos querem evitar: a morte. O que virá
depois da morte? Poderemos fazer escolhas sucessivas depois da morte? De que
adiantarão todas as escolhas feitas em vida se o fruto de todas elas murcha com
a morte?
Todos
nós ouvimos falar de pessoas que entraram em depressão depois de sua aposentadoria.
Isso aconteceu porque elas firmaram toda a sua vida em sua profissão e, ao
perdê-la, sentiram-se vazias. Pessoas que ocuparam grandes posições, ao saírem
de seus cargos e da vida pública, sentiram-se desesperadas ao notarem que toda
homenagem que recebiam dependia da efêmera posição ou cargo que ocupavam.
Não
estou aqui desprezando o êxito no vestibular, a escolha profissional ou o seu
exercício, mas estou mostrando que essas coisas precisam se inserir na moldura
de uma escolha mais importante que atribua sentido a tudo. Deve haver uma
escolha fundamental cujo resultado tenha a ver com a vitória contra e apesar da
morte. Eu me refiro a uma decisão que faça a eternidade perpassar as nossas
escolhas profissionais transformando a profissão em vocação, a alegria em ações
de graça e o trabalho em missão. Estou falando de algo que traga a sensação de
dever cumprido no final e que faça as construções feitas no tempo serem
engolfadas pela eternidade.
O
apóstolo Paulo é um bom exemplo para o que estamos falando. Após a sua
conversão ao evangelho de Cristo, ele se sentia realizado não apenas
profissionalmente, mas integralmente como pessoa: “Pela graça de Deus sou o que sou” (I Coríntios 15: 10). Ele também
morreu com a sensação de dever cumprido: “Combati
o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé. Desde agora, a coroa da
justiça me está guardada” (II Timóteo 4: 7-8).
Paulo
era um homem culto e bem situado socialmente em Israel, além de gozar também de
cidadania romana. No entanto, ele percebeu que, apesar das escolhas bem
sucedidas na vida, a sua força vontade era impotente para resolver o problema
da vida espiritual:
“Porque, bem sabemos que a lei é espiritual;
mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. Porque o que faço não o aprovo; pois o
que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço” (Romanos 7: 14-15).
Toda
essa luta de Paulo mencionada acima foi com apenas um pecado: a cobiça ou
concupiscência (Romanos 7: 7). Ele descobrira que podia mudar o seu
comportamento, mas não o seu coração. Podia negar a culpa, mas ela entrava
novamente pelas portas do fundo em sensações de vazio, angústias existenciais,
neuroses e depressões. Um dia, porém, Paulo conheceu o evangelho. Descobriu que
Jesus pagou o preço da redenção na cruz, expiando a nossa culpa mediante o seu
sangue. Ele entendeu que Jesus, como homem justo, poderia morrer
representativamente pelos injustos na cruz, bem como que, sendo Deus, poderia
atribuir valor infinito e universal ao seu sacrifício. Paulo também compreendeu
que Jesus ressuscitou ao terceiro dia para nos vincular a ele em sua vida
ressurreta. A vida de Jesus, quando comunicada ao nosso coração pela fé,
triunfa sobre as más inclinações que nos assediam.
Paulo
entregou o seu coração, ou seja, a sede de suas decisões, a Jesus, ao aceitá-lo
como Senhor para tê-lo como Salvador. À luz dessa escolha todas as outras foram
vistas como insignificantes.
Assim como as
leis antigas são reinterpretadas à luz de uma nova ordem de valores quando é promulgada
uma nova Constituição, os talentos, a profissão e a vida como um todo recebem
um novo referencial após a conversão a Cristo. Do mesmo modo como certos
alimentos só revelam o seu gosto com a adição de sal, a nossa vida com tudo que
ela implica só ganha sabor permanente depois que Cristo entra nela. Após isso,
há segurança, certeza e paz:
“... Porque EU SEI EM QUEM TENHO CRIDO, E
ESTOU CERTO DE QUE É PODEROSO PARA GUARDAR O MEU DEPÓSITO ATÉ ÀQUELE DIA” (II
Timóteo 1: 12).
Faça
a escolha das escolhas. Entregue a sede de suas decisões a Jesus Cristo. Nele,
reside a moldura que dá sentido a vida e reverte o poder da morte!
Prof. Glauco Barreira Magalhães Filho
Mestre em Direito
Doutor em Sociologia
Livre-Docente em Filosofia do Direito
Professor da Faculdade de Direito da UFC
(Graduação, Mestrado e Doutorado)
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