O teólogo e economista André Biéler foi o maior
especialista em estudos sobre o pensamento econômico do Reformador João
Calvino. Ele ainda destacou-se como professor da Faculdade de Teologia da
Universidade de Genebra (Suíça). Em seu livro O HUMANISMO SOCIAL DE CALVINO,
ele explicou a visão político-econômica do autor das INSTITUTAS:
“É inegável que tal reabilitação da vida econômica teve
consideráveis repercussões no desenvolvimento das sociedades protestantes.
Todavia, não seria lícito responsabilizar Calvino pela quase divinização do
trabalho e do dinheiro, visto ter ele clamado com vigor peculiar pela
necessidade de sujeição de um e outro a Deus. Foi ele que pregou a
solidariedade econômica entre homens e nações, a necessidade da circulação e
redistribuição contínua das riquezas e a legitimidade das intervenções do
Estado para regular a vida econômica. Se esses princípios tivessem sido
respeitados, a evolução do capitalismo teria sido provavelmente muito diferente
do que foi.
Por
certo, o senso de responsabilidade pessoal de Calvino não aceitaria jamais que
o Estado se tornasse o dirigente exclusivo da economia. Mas também sua realista
compreensão da ambígua condição do homem, solicitado ao mesmo tempo por Deus e
por Mamon, não lhe permitia crer que a sociedade pudesse chegar a uma economia
harmoniosa pelo simples jogo dos interesses individuais.
É
por isso que nos parece justo falar, a propósito da concepção que Calvino tinha
da vida econômica, de um socialismo personalista ou, preferindo-se, de um personalismo
social que busca o equilíbrio sempre renovado entre a proteção dos direitos e
bens da pessoa, de um lado, e o respeito das necessidades do conjunto social,
de outro”.
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