As
pessoas de nosso tempo vivem em uma “civilização nervosa” (G. Simmel), isto é,
marcada pela pressa. Essa mobilização frenética, que faz atividades meditativas
(como a oração) parecerem perda de tempo, tem sido causada pelas múltiplas
possibilidades de vida proporcionadas pela tecnologia contemporânea.
Como
o homem sabe que vai morrer e não cultiva mais a esperança de uma vida depois
da morte, ele pretende viver várias vidas simultâneas ou sucessivas. Assim,
através das redes sociais, tem surgido o “homem plural” (Bernard Lahire), o
qual assume várias identidades distintas. Alguém pode ser o recatado e severo
pai de família em seu lar e ser o pedófilo devasso na internet.
Podemos
ver a figura do homem atual no assistente de canais de TV a cabo. A cada intervalo
num filme, ele muda de canal para ver o outro. O temor de que possa estar
perdendo um filme melhor enquanto assiste outro o leva mudar seguidamente de
canal sem assistir nenhum filme de modo completo. Isso acontece pela
multiplicidade de opções que lhe são oferecidas através da variedade de canais
e de filmes.
A
mesma coisa se vê na tintura de cabelo. A variação constante da cor da tintura
revela uma rejeição constante de identidades anteriores.
As
pessoas, insatisfeitas consigo próprias, vivem uma existência “líquida”
(Baumann), permanentemente conversível e sem solidez. Dentro dessa conjuntura,
depressão e patologias psicológicas têm se tornado constantes na sociedade.
O
problema também tem chegado na questão da sexualidade. Pessoas heterossexuais
se tornam homossexuais para que possam experimentar duas opções sexuais em uma
única vida. Outras multiplicam divórcios para que possam vivenciar várias
realidades familiares. Há notícias de delegados e militares que, depois de uma
vida máscula e de casamentos desfeitos, resolvem assumir uma identidade
feminina, e, para isso, são submetidos a uma cirurgia para mudança da aparência
sexual.
A
televisão, por sua vez, tem difundido essas novas identidades como algo que
deva ser aplaudido, como uma manifestação de coragem. O que acontece, porém,
não é coragem, mas covardia. Muitos tentam fugir de seus problemas assumindo
novas identidades de modo sucessivo.
O
crente em Jesus é alguém que tem uma sólida identidade em Cristo, “a rocha dos
séculos”. Ele não é TELEguiado, não é moldado pela cultura hegemônica (Romanos
12: 1-2). O crente em Jesus sabe que o que vale não é a quantidade de vidas,
mas a qualidade da vida e a sua condição na eternidade. Ele aceita a sua
sexualidade biológica, glorificando o seu Criador. O Redentor é o Criador. Deus
nos redime, tirando as deformações que o pecado trouxe para a criação, não
deformando ainda mais a criatura.
O cristão
verdadeiro não é uma bolha de sabão transparente. Antes, é consistente, é uma
casa edificada sobre a rocha. Somente um servo de Deus pode dizer: “MAS, PELA
GRAÇA DE DEUS SOU O QUE SOU” (I Cor. 15: 10).
“EIS
QUE EU PONHO EM SIÃO UMA PEDRA DE TROPEÇO, E UMA ROCHA DE ESCÂNDALO; E TODO
AQUELE QUE CRER NELA NÃO SERÁ CONFUNDIDO” (Romanos 9: 33)
Dr. Glauco Barreira Magalhães
Filho
Graduado em Direito e Teologia
Mestre em Direito Público
Doutor em Teologia e Sociologia
Livre Docente em Filosofia
Doutor Honoris Causa
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