terça-feira, 20 de outubro de 2015

AS CAUSAS DO FRACASSO ESPIRITUAL (NÃO NUMÉRICO) DAS GRANDES CRUZADAS EVANGELÍSTICAS

Durante os grandes avivamentos espirituais da história, aconteceram grandes cultos públicos, com multidões de pessoas afetadas por pregações intrépidas, passando da agonia da contrição ao júbilo do perdão. A partir daí, começou o nobre costume evangélico de realizar cruzadas evangelísticas para as massas, tanto em tendas como ao ar livre. Eventos preparados com evangelismo e muita oração possibilitaram muitas conversões legítimas e transformadoras.  
            Ao surgirem grandes organizações evangelísticas, porém, a vigilância e o discernimento deveriam ter aumentado. O aumento da distribuição de tarefas criou um quadro pessoal maior, não havendo uma seleção dos participantes por um critério adequadamente espiritual. O resultado foi o mundanismo e o declínio das grandes cruzadas evangelísticas. Não queremos, porém, aqui, sugerir a abolição, mas a cura, ou ainda, o surgimento de novas cruzadas orientadas por valores espirituais.
            Vejamos as três causas do declínio das cruzadas evangelísticas, a fim de que não caiamos nos mesmos erros nem os apoiemos:
                                                
(1) MUITAS CRUZADAS, PRETENDENDO TRANSFORMAR SEUS EVENTOS NUM GRANDE SHOW (COM MUITO GASTO FINANCEIRO), ABANDONARAM A SIMPLICIDADE E BUSCARAM NEGOCIATAS COM GRANDES EMPRESÁRIOS, MUITOS DOS QUAIS, SEM TESTEMUNHO LEGÍTIMO DE CONVERSÃO, SUBSTITUÍRAM O ARREPENDIMENTO PESSOAL DE QUE PRECISAVAM PELO PATROCÍNIO ECONÔMICO QUE LHES AQUIETAVA A CONSCIÊNCIA CULPADA:

            Leonard Ravenhill disse: “Joel fala uma linguagem que não conhecemos. Seu ministério não comercial, não financeiro, nos assusta. Nossas corporações do evangelho e nossas dívidas evangelísticas negociadas em banco o chocariam. Meu Deus, tantos empreendimentos evangelísticos que começaram no Espírito estão agora terminando na carne. Por que nós ‘descemos ao Egito’ para pedir socorro?”.
            Não me oponho ao patrocínio em si, mas é preferível o patrocínio do incrédulo ao do “crente” desmantelado que quer apaziguar a sua consciência. Por outro lado, o patrocínio deve ser para algo paralelo e acessório, não para a cruzada em si ou para custear pregadores e cantores, pondo-os nas mãos do poder econômico. Também a cruzada não pode ser descaracterizada como um culto para tornar-se num grande show, onde a pregação ocupa tempo e papel diminuto.
            Diferencio patrocínio de oferta. A última caracteriza-se pelo anonimato, enquanto o patrocínio tem reciprocidade, normalmente em forma de propaganda. Nunca a igreja deveria aceitar patrocínio de políticos ou partidos.

(2) APARECIMENTO DE CANTORES “ESTRELAS”, FAZENDO DAS CRUZADAS O SEU PALCO DE EXIBIÇÃO, MUNDANISMO E LUCRATIVIDADE:

            Vejamos mais uma vez a voz profética de Leonard Ravenhill: “Um crítico escritor esportivo diz deplorar o fato de que os esportes profissionais tornaram-se uma produção comercial. Alguém poderia lamentar o fato de que o poderoso evangelho de nosso Redentor tornou-se um negócio comercial também – cantores vestidos de forma extravagante, imitando estrelas do rock, elaboram vestimentas de palco para tentar cativar a atenção de um mundo agonizante. Toda essa vestimenta a rigor na tentativa de esconder o fato de que não há fogo no altar, a pregação não tem poder, o Santo não está presente.”

(3) A TENTATIVA DE ATRAIR O MUNDO COM O MUNDO DOS ESPORTES:

            Vivemos numa sociedade dominada pelo mundanismo nos esportes. Jogadores com salários astronômicos (um desprezo ao verdadeiro trabalhador), criando modas vulgares através de seus cortes extravagantes de cabelos e do uso de tatuagens, sendo desejados pela cobiça sexual das mulheres, apresentam-se como ícones da juventude. No passado, quando algum deles se convertia a Cristo, logo deixava a vida esportiva em razão de sua poluição moral. Muitos se tornavam missionários, trocando a glória deste século pelo anonimato em terras estranhas, deixando, muitas vezes, os altos salários por condições precárias de vida.
            Muitos organizadores de grandes cruzadas, porém, usam o testemunho de esportistas “evangélicos” bem sucedidos para atrair jovens para a “conversão”. Acontece que os incrédulos admiram a parte “bem sucedida” desses jogadores sem qualquer preocupação inicial com o fato de se confessarem evangélicos. Os organizados das cruzadas sabem disso e acham que podem criar a imagem de que é possível servir a Deus e ser famoso. Geralmente, os “esportistas” evangélicos, com exceção da linguagem e da freqüência aos cultos, apresentam-se muito pouco diferentes em hábitos e costumes dos mundanos. Estão em um ambiente que já os compromete. Se arrependimento é “mudança de mente”, eu não posso querer que alguém se arrependa da idolatria dos esportes usando a sua própria veneração esportiva.

            “Nenhum pregador saltará no púlpito com a ‘boa nova’ de que sua igreja ganhou a mais alta honra no campeonato de boliche interigrejas, se ele acabou de sair do quarto de oração com o brilho da eternidade em seus olhos.” (Leonard Ravenhill).

            Recomendo para a igreja de nosso tempo a leitura do livro “Por que tarda o Pleno Avivamento” de Leonard Ravenhill.


Rev. Glauco Barreira Magalhães Filho

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