Durante os grandes avivamentos
espirituais da história, aconteceram grandes cultos públicos, com multidões de
pessoas afetadas por pregações intrépidas, passando da agonia da contrição ao
júbilo do perdão. A partir daí, começou o nobre costume evangélico de realizar
cruzadas evangelísticas para as massas, tanto em tendas como ao ar livre.
Eventos preparados com evangelismo e muita oração possibilitaram muitas
conversões legítimas e transformadoras.
Ao
surgirem grandes organizações evangelísticas, porém, a vigilância e o
discernimento deveriam ter aumentado. O aumento da distribuição de tarefas
criou um quadro pessoal maior, não havendo uma seleção dos participantes por um
critério adequadamente espiritual. O resultado foi o mundanismo e o declínio
das grandes cruzadas evangelísticas. Não queremos, porém, aqui, sugerir a
abolição, mas a cura, ou ainda, o surgimento de novas cruzadas orientadas por
valores espirituais.
Vejamos
as três causas do declínio das cruzadas evangelísticas, a fim de que não
caiamos nos mesmos erros nem os apoiemos:
(1) MUITAS CRUZADAS, PRETENDENDO
TRANSFORMAR SEUS EVENTOS NUM GRANDE SHOW (COM MUITO GASTO FINANCEIRO),
ABANDONARAM A SIMPLICIDADE E BUSCARAM NEGOCIATAS COM GRANDES EMPRESÁRIOS,
MUITOS DOS QUAIS, SEM TESTEMUNHO LEGÍTIMO DE CONVERSÃO, SUBSTITUÍRAM O
ARREPENDIMENTO PESSOAL DE QUE PRECISAVAM PELO PATROCÍNIO ECONÔMICO QUE LHES
AQUIETAVA A CONSCIÊNCIA CULPADA:
Leonard
Ravenhill disse: “Joel fala uma linguagem
que não conhecemos. Seu ministério não comercial, não financeiro, nos assusta.
Nossas corporações do evangelho e nossas dívidas evangelísticas negociadas em
banco o chocariam. Meu Deus, tantos empreendimentos evangelísticos que
começaram no Espírito estão agora terminando na carne. Por que nós ‘descemos ao
Egito’ para pedir socorro?”.
Não me oponho ao
patrocínio em si, mas é preferível o patrocínio do incrédulo ao do “crente”
desmantelado que quer apaziguar a sua consciência. Por outro lado, o patrocínio
deve ser para algo paralelo e acessório, não para a cruzada em si ou para
custear pregadores e cantores, pondo-os nas mãos do poder econômico. Também a
cruzada não pode ser descaracterizada como um culto para tornar-se num grande
show, onde a pregação ocupa tempo e papel diminuto.
Diferencio
patrocínio de oferta. A última caracteriza-se pelo anonimato, enquanto o
patrocínio tem reciprocidade, normalmente em forma de propaganda. Nunca a
igreja deveria aceitar patrocínio de políticos ou partidos.
(2) APARECIMENTO DE CANTORES “ESTRELAS”,
FAZENDO DAS CRUZADAS O SEU PALCO DE EXIBIÇÃO, MUNDANISMO E LUCRATIVIDADE:
Vejamos mais uma vez a voz profética
de Leonard Ravenhill: “Um crítico
escritor esportivo diz deplorar o fato de que os esportes profissionais
tornaram-se uma produção comercial. Alguém poderia lamentar o fato de que o
poderoso evangelho de nosso Redentor tornou-se um negócio comercial também –
cantores vestidos de forma extravagante, imitando estrelas do rock, elaboram
vestimentas de palco para tentar cativar a atenção de um mundo agonizante. Toda
essa vestimenta a rigor na tentativa de esconder o fato de que não há fogo no
altar, a pregação não tem poder, o Santo não está presente.”
(3)
A TENTATIVA DE ATRAIR O MUNDO COM O MUNDO DOS ESPORTES:
Vivemos numa sociedade dominada pelo
mundanismo nos esportes. Jogadores com salários astronômicos (um desprezo ao
verdadeiro trabalhador), criando modas vulgares através de seus cortes
extravagantes de cabelos e do uso de tatuagens, sendo desejados pela cobiça
sexual das mulheres, apresentam-se como ícones da juventude. No passado, quando
algum deles se convertia a Cristo, logo deixava a vida esportiva em razão de
sua poluição moral. Muitos se tornavam missionários, trocando a glória deste
século pelo anonimato em terras estranhas, deixando, muitas vezes, os altos
salários por condições precárias de vida.
Muitos organizadores de grandes
cruzadas, porém, usam o testemunho de esportistas “evangélicos” bem sucedidos
para atrair jovens para a “conversão”. Acontece que os incrédulos admiram a
parte “bem sucedida” desses jogadores sem qualquer preocupação inicial com o
fato de se confessarem evangélicos. Os organizados das cruzadas sabem disso e
acham que podem criar a imagem de que é possível servir a Deus e ser famoso.
Geralmente, os “esportistas” evangélicos, com exceção da linguagem e da freqüência
aos cultos, apresentam-se muito pouco diferentes em hábitos e costumes dos
mundanos. Estão em um ambiente que já os compromete. Se arrependimento é “mudança
de mente”, eu não posso querer que alguém se arrependa da idolatria dos
esportes usando a sua própria veneração esportiva.
“Nenhum
pregador saltará no púlpito com a ‘boa nova’ de que sua igreja ganhou a mais
alta honra no campeonato de boliche interigrejas, se ele acabou de sair do
quarto de oração com o brilho da eternidade em seus olhos.” (Leonard
Ravenhill).
Recomendo para a igreja de nosso
tempo a leitura do livro “Por que tarda o Pleno Avivamento” de Leonard
Ravenhill.
Rev.
Glauco Barreira Magalhães Filho
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