C. S. Lewis rejeitava a doutrina calvinista da graça irresistível. Por essa doutrina, afirma-se que há um grupo eleito incondicionalmente para a salvação. Jesus teria morrido só por eles e eles seriam conduzidos à conversão em dado momento de suas vidas por uma ação irresistível de Deus. Lewis acreditava que essa concepção tinha um parentesco com o panteísmo, pois a pessoa teria sua vontade anulada, sendo, de certo modo, absorvida em Deus. O amor de Deus, por outro lado, aparecendo em uma relação EU-TU, não poderia deixar de contar com a livre reciprocidade.
Em sua obra "Cartaz de um Diabo a seu aprendiz", o diabo fala o seguinte ao seu aluno contra o seu Inimigo (Deus):
"Certamente você já se perguntou várias vezes por que o inimigo não utiliza os Seus poderes para estar presente de modo perceptível para as almas humanas, com a intensidade que Ele escolher e sempre que desejar. Mas agora você percebe que o Irresistível e o Indisputável são duas armas que a própria natureza do Seu desígnio O impede de usar. Para Ele, de nada valeria simplesmente neutralizar a vontade humana... Ele não pode violentá-los; pode apenas cortejá-los... as criaturas devem ser Um com Ele, e ainda distintas. De nada Lhe serve simplesmente anulá-las ou assimilá-las."
Dr. Glauco Barreira Magalhães Filho
Nenhum comentário:
Postar um comentário