CRISTIANISMO E UNIVERSIDADE

Seja bem-vindo a "CRISTIANISMO E UNIVERSIDADE". Aqui procuraremos apresentar artigos acerca de assuntos acadêmicos relacionados aos mais diversos saberes, mantendo sempre a premissa de que a teologia é a rainha das ciências, pois trata dos fundamentos (pressupostos) de todo pensamento, bem como de seu encerramento ou coroamento final. Inspiramo-nos em John Wesley, leitor voraz de poesia e filosofia clássica, conhecedor e professor de várias línguas, escritor de livros de medicina, teólogo, filantropo, professor de Oxford e pregador fervoroso do avivamento espiritual que incendiou a Inglaterra no século XVIII.

A situação atual é avaliada dentro de seus vários aspectos modais (econômico, jurídico, político, linguístico, etc.), mas com a certeza de que esses momentos da realidade precisam encontrar um fator último e absoluto que lhes dê coerência. Esse fator último define a cosmovisão adotada. Caso não reconheçamos Deus nela, incorreremos no erro de absolutizar algum aspecto modal, que é relativo por definição.

A nossa cosmovisão não é baseada na dicotomia "forma e matéria" (pensamento greco-clássico), nem na dicotomia "natureza-graça" (catolicismo), nem na "natureza-liberdade" (humanismo), mas, sim, na tricotomia "criação-queda-redenção" (pensamento evangélico).

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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

AS ORIGENS DO MOVIMENTO PENTECOSTAL


Introdução        
 
O pentecostalismo é um movimento que começou nos Estados Unidos, tendo tido, desde então, uma impressionante expansão para vários países do mundo. No Brasil, a denominação evangélica mais numerosa (Assembleia de Deus) é pentecostal e as igrejas que mais crescem atualmente são neopentecostais.
 Os neopentecostais se distanciaram da identidade evangélica ao abraçarem a “teologia da prosperidade”, enquanto as igrejas pentecostais clássicas perderam o espírito do movimento através do processo de institucionalização e contemporização crescente. Os primitivos pentecostais tinham mais parentesco com os antigos metodistas e batistas do que com as atuais igrejas pentecostais. O objetivo do presente artigo é fazer uma breve apresentação das origens norte-americanas desse movimento.
 
As origens do Movimento Pentecostal
                Os dois eventos ligados ao início do pentecostalismo nos EUA foram as experiências pentecostais no Bethel Bible College em Topeka (1901) e a “explosão” pentecostal na Rua Azuza (Los Angeles - 1906). No primeiro caso, destacamos a figura de Charles Fox Parham, e, no segundo, a de William Seymour.
                Charles Fox Parham era originário do “movimento de santidade”, o qual, sendo herdeiro da tradição wesleyana e do avivalismo norte-americano, apregoava a santificação como uma experiência definida, uma “segunda benção”.  Parham foi diretor-fundador do Bethel Bible College na cidade de Topeka. A referida instituição dedicava-se ao treinamento de missionários e fomentava a prática de oração por cura divina.
                Com o passar do tempo, Parham e seus alunos passaram a acreditar em uma “terceira benção”, o batismo no Espírito Santo com a evidência inicial de falar em línguas desconhecidas. Em uma reunião de oração em 1901, Agnes Ozman, uma das estudantes da instituição teológica de Parham, falou em novas línguas. Depois, outros, inclusive o próprio Parham, receberam a mesma experiência. Ele, então, passou a viajar em caravanas com um grupo de assistentes difundindo a mensagem pentecostal.
Algumas interpretações pouco comuns de certas passagens da Bíblia juntamente com acusações difamatórias (que se comprovaram falsas) impediram Parham de dar maior difusão ao movimento. No entanto, em 1905, em uma escola bíblica, a mensagem de Parham alcançou William Seymour, um negro que tinha uma deficiência visual.
Em Los Angeles, depois de hostilizado pelo movimento holiness, Seymour iniciou reuniões pentecostais em um templo metodista abandonado. Surgia a “Apostolic Faith Mission”. Notícias do fenômeno de línguas se difundiram por toda parte. Pessoas de vários locais dos EUA e da Europa vieram até a missão da Rua Azusa para receber a experiência pentecostal e levar a mensagem para outros lugares. Houve desde o começo uma forte associação do batismo no Espírito Santo com a atividade missionária.
No início, mostrou-se impressionante a união de negros e brancos no pentecostalismo da Rua Azusa. Algum rastro de racismo só veio aparecer entre os pentecostais brancos em 1914 com o surgimento das Assembleias de Deus no Arkansas. O estilo espontâneo e expressivo do pentecostalismo, porém, deve muito a influência afro-americana. Também são características do movimento a oralidade da liturgia, os testemunhos públicos e o êxtase.
Depois de certo tempo, algumas divisões começaram a surgir no movimento Azusa. Destacamos aquela proveniente da discordância de William Durham com relação à existência de três etapas na vida cristã (salvação, santificação e batismo no Espírito Santo). Durham propunha apenas duas etapas (salvação e batismo no Espírito Santo), sendo a santificação vista como desenvolvimento da salvação. Foi a visão teológica de Durham que definiu a ortodoxia pentecostal.
Os seguidores de Durham organizaram em 1907 a “North Avenue Mission”. Foi do círculo de seguidores de Durham que saíram os pioneiros do pentecostalismo brasileiro: Louis Francescon (fundador da Congregação Cristã do Brasil, que acabou se tornando uma seita herética), Gunnar Vingren e Daniel Berg (fundadores da Assembleia de Deus). É interessante que o primeiro era de origem italiana e os dois últimos eram suecos.
O movimento pentecostal chegou ao Brasil em 1910-11. As primeiras denominações foram a Congregação Cristã do Brasil e a Assembleia de Deus. A última teve maior impacto e crescimento, tendo início no Pará com um grupo proveniente de uma igreja batista. A Assembleia de Deus teve um grande apoio dos pentecostais suecos, passando depois a ter um desenvolvimento mais independente.
O pentecostalismo, em razão da ênfase na experiência subjetiva, produziu muitas divisões ocasionadas por interpretações particulares da Escritura e culto a personalidades.  Posteriormente, a mensagem pentecostal entrou nas igrejas históricas (movimento de renovação espiritual) e o catolicismo criou a sua versão espúria de pentecostalismo (renovação carismática católica).
Atualmente, cresce muito o neopentecostalismo (com destaque para a IURD e para a Igreja Mundial do Poder de Deus). O neopentecostalismo vem se adaptando ao contexto da globalização e da economia de mercado. Ao mesmo tempo em que o neopentecostalismo revela um sincretismo de elementos evangélicos, católicos e espíritas, promove a esperança de sucesso material como expressão da benção divina. Não podemos, porém, associar o pentecostalismo clássico, herdeiro de uma tradição evangélica e avivalista, com o neopentecostalismo, reflexo de uma sociedade egocêntrica e consumista.
 
 
Dr. Glauco Barreira Magalhães Filho
Doutor em Sociologia da Religião (UFC)
Professor de Hermenêutica (UFC)

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