CRISTIANISMO E UNIVERSIDADE

Seja bem-vindo a "CRISTIANISMO E UNIVERSIDADE". Aqui procuraremos apresentar artigos acerca de assuntos acadêmicos relacionados aos mais diversos saberes, mantendo sempre a premissa de que a teologia é a rainha das ciências, pois trata dos fundamentos (pressupostos) de todo pensamento, bem como de seu encerramento ou coroamento final. Inspiramo-nos em John Wesley, leitor voraz de poesia e filosofia clássica, conhecedor e professor de várias línguas, escritor de livros de medicina, teólogo, filantropo, professor de Oxford e pregador fervoroso do avivamento espiritual que incendiou a Inglaterra no século XVIII.

A situação atual é avaliada dentro de seus vários aspectos modais (econômico, jurídico, político, linguístico, etc.), mas com a certeza de que esses momentos da realidade precisam encontrar um fator último e absoluto que lhes dê coerência. Esse fator último define a cosmovisão adotada. Caso não reconheçamos Deus nela, incorreremos no erro de absolutizar algum aspecto modal, que é relativo por definição.

A nossa cosmovisão não é baseada na dicotomia "forma e matéria" (pensamento greco-clássico), nem na dicotomia "natureza-graça" (catolicismo), nem na "natureza-liberdade" (humanismo), mas, sim, na tricotomia "criação-queda-redenção" (pensamento evangélico).

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sábado, 9 de março de 2013

CONFLITO NA IRLANDA DO NORTE NO SÉCULO XX


            Os variados conflitos na Irlanda datam de mais de 500 anos, quando imigrantes britânicos chegaram para colonizá-la. A luta pelo controle político da ilha chegou a uma definição com a vitória do príncipe holandês Guilherme de Orange contra o rei James I na batalha de Royne. Depois disso, houve relativa paz por séculos. Em 1920, houve uma nova luta armada que dividiu a ilha em República de Eire (Irlanda do Sul) e a região autônoma de Ulster (Irlanda do Norte), sendo o Sul menos desenvolvido que o Norte. Feita a divisão, houve meio século de paz.
            A guerra foi iniciada não propriamente por católicos ou protestantes, mas pelo IRA (Exército Republicano Irlandês), grupo nominalmente “católico”. Quando estive na Irlanda, eu vi nos bairros aderentes ao IRA uma mistura de símbolos católicos, comunistas e anárquicos.
O IRA começou a luta contra os ingleses em 1916. A partir de 1920 (ano da divisão da Irlanda) viveu na clandestinidade até 1956. Após esse ano, voltou a atacar por técnicas terroristas. Foram desestruturados por forças regulares em 1960. Eles, então, voltaram a agir em 1969 com terrorismo indiscriminado. O IRA se tornou um grupo organizado com poderosa munição e atiradores treinados em Cuba, na Coréia e na antiga Rússia.
            O governo da Irlanda do Sul (país católico) também rejeitou o IRA como movimento ilegal, pois o projeto do IRA era unificar as duas partes da Irlanda sob um governo marxista. Na Irlanda do Norte (Protestante), a maioria dos católicos não apoiou o IRA, mas, por temor de represália, se tornou uma “maioria silenciosa”.
            Os protestantes da Irlanda do Norte e muitos católicos têm resistido a idéia de união com a Irlanda do Sul por motivos econômicos (o padrão de vida e os salários no Sul são bem inferiores ao Norte) e ideológicos (a Igreja Católica Romana é a religião oficial e constitucional da República da Irlanda, mas os protestantes querem um Estado cristão não confessional).
            No passado, houve certas injustiças aos católicos na Irlanda do Norte, mas o governo tem procurado reparar isso. Cerca de 52% das casas populares constituídas desde a Segunda Guerra Mundial foram destinadas aos católicos, apesar de representarem apenas um terço da população. Por outro lado, há o que o Bispo Robinson Cavalcanti chamou de “autodiscriminação”: “os católicos querem escolas católicas, não aceitando mandar os filhos para as escolas públicas”.
            A liberdade dos católicos se revela no fato de que, de cinco jornais diários existentes no século XX, três eram católicos, um era protestante e um era neutro. Diferentemente do que a imprensa internacional disse, os conflitos foram localizados e não atingiram todo o país, sendo os protestantes extremistas (UDA) uma minoria.
            Como se pode perceber, a guerra irlandesa nunca foi religiosa, mas é uma guerra política com insinuações religiosas. Tudo ficou mais grave com o sensacionalismo da imprensa.
            Do ponto de vista positivo, conforme o Bispo Robinson Cavalcanti, “a Irlanda do Norte apresenta o melhor quadro de moralidade e decência das ilhas britânicas, assim como de freqüência às igrejas e de convicções religiosas. A família é mais estável e as tradições mais relevantes... Centenas e milhares de pessoas estão orando em grupos, pela manhã, ao meio-dia ou à noite por um reavivamento espiritual, por uma paz que seja fruto do sopro do Espírito de Deus”.

           Dr. Glauco Barreira Magalhães Filho
           Doutor em Sociologia (UFC)
           Doutor em Ministério (FTML)
           Professor de Hermenêutica (UFC)
           Membro do Núcleo de Estudos de Política, Religião e Cultura (NERPO – UFC)

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