CRISTIANISMO E UNIVERSIDADE

Seja bem-vindo a "CRISTIANISMO E UNIVERSIDADE". Aqui procuraremos apresentar artigos acerca de assuntos acadêmicos relacionados aos mais diversos saberes, mantendo sempre a premissa de que a teologia é a rainha das ciências, pois trata dos fundamentos (pressupostos) de todo pensamento, bem como de seu encerramento ou coroamento final. Inspiramo-nos em John Wesley, leitor voraz de poesia e filosofia clássica, conhecedor e professor de várias línguas, escritor de livros de medicina, teólogo, filantropo, professor de Oxford e pregador fervoroso do avivamento espiritual que incendiou a Inglaterra no século XVIII.

A situação atual é avaliada dentro de seus vários aspectos modais (econômico, jurídico, político, linguístico, etc.), mas com a certeza de que esses momentos da realidade precisam encontrar um fator último e absoluto que lhes dê coerência. Esse fator último define a cosmovisão adotada. Caso não reconheçamos Deus nela, incorreremos no erro de absolutizar algum aspecto modal, que é relativo por definição.

A nossa cosmovisão não é baseada na dicotomia "forma e matéria" (pensamento greco-clássico), nem na dicotomia "natureza-graça" (catolicismo), nem na "natureza-liberdade" (humanismo), mas, sim, na tricotomia "criação-queda-redenção" (pensamento evangélico).

ESTE BLOG INICIOU EM 09 DE JANEIRO DE 2012





terça-feira, 17 de novembro de 2015

SOBRE LUTERO E OS JUDEUS

Vejo constantemente pessoas citando um duro escrito de Lutero contra os judeus para sugerir que ele era anti-semita. Lembro, porém, que o escrito não foi endereçado aos judeus de raça, mas de religião. Não foi um ataque religioso, mas ligado à ordem civil. Lutero queria o fechamento das sinagogas por causa dos negócios creditícios proibidos legalmente na época (que eram realizados sob o manto das sinagogas). Lutero queria que os judeus, através da abolição da usura, fossem “forçados” a trabalhar. Ele, entretanto, fez oposição categórica a que fossem mortos e lamentou ter que escrever tão duramente. O escrito se referia a uma situação específica e localizada na Alemanha.
          Não concordo com a linguagem rabugenta e impaciente do velho e enfermo Lutero, nem endosso todas as suas conclusões, mas Lutero nunca foi racista. O teólogo católico do século XVI, João Eck, chamou um líder luterano ligado ao reformador de “protetor dos judeus”. No seu escrito “Que Jesus foi um judeu nato”, Lutero protestou contra os católicos por tratarem “os judeus como se fossem  cachorros e não seres humanos” e por tomarem as suas propriedades. Ele também disse: “E mesmo que nos gloriemos por nosso estado, contudo somos gentios ainda assim. Os judeus, porém, são do sangue de Cristo; nós somos cunhados e estrangeiros, eles são amigos de sangue, primos e irmãos de nosso Senhor. Por isso, se pudéssemos nos gloriar no sangue e na carne, os judeus estariam mais próximos de Cristo do que nós... Peço, portanto, a meus estimados papistas, quando estiverem cansados de me acusar de ser um herege, que comecem a me acusar de ser um judeu”.
            Lutero cria na conversão e restauração de Israel à sua terra no final da História. O professor  da Universidade de Leipzig (Alemanha), Helmar Junghans, disse: "Assim, por exemplo, o anti-semitismo vienense certamente é mais importante no caso de Adolf Hitler, pertencente ao ambiente católico romano da Europa Oriental, para o surgimento do ódio contra os judeus que os escritos de Lutero referentes aos judeus". 

         Quem quiser ler mais sobre a distinta relação de católicos com judeus e protestantes com judeus, aconselho a leitura de meu livro “A Reforma Protestante e o Estado de Direito” (p. 276-282). 


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