O
Calvinismo original exige o batismo infantil, enquanto os antigos batistas o
consideravam a maior de todas as abominações do papa.
No calvinismo,
os filhos dos crentes são presumidamente tidos como eleitos e, por isso,
batizados na infância. O batismo antes da fé não invalida o sacramento nesta
visão, porque o homem não é salvo pela fé, mas tem fé porque é salvo (eleito).
A própria regeneração acontece antes da fé no calvinismo.
Para Calvino e
os primeiros calvinistas, os filhos dos crentes estão no pacto de Deus, sendo
regenerados no batismo infantil ou obtendo ali a promessa certa de regeneração.
João
Calvino (que aceitou a validade de seu batismo infantil no romanismo e nunca
teve um batismo legítimo) disse nas Institutas:
“...
Mas negamos [...] que, portanto, o poder de Deus não pode regenerar crianças
[...] Deixe Deus, então, ser demandado por que Ele ordenou que a circuncisão
fosse realizada nos corpos das crianças [...] pelo batismo somos enxertados no
corpo de Cristo... crianças [...] devem ser batizads [...] Pois [...] os filhos
[...] dos cristãos, como eles são, imediatamente, em seu nascimento, recebidos por Deus como herdeiros do pacto,
também devem ser admitidos no batismo”.
O
calvinista Homer Hoeksema, em seu livro Reformed Dogmatics, disse: “a
regeneração pode acontecer na menor das crianças [...] na esfera da aliança de
Deus, Ele geralmente regenera Seus filhos eleitos na infância”.
O
calvinista Michael Horton observa: “Além do mais, a teologia do pacto –
incluindo o batismo dos filhos do pacto e o governo eclesiástico presbiteral
liderado por ministros e presbíteros – pertencem a nossa confissão comum juntamente com o famoso acróstico
TULIP. A gloriosa graça de Deus é tão
evidente quanto nossa visão do batismo
e a Ceia do Senhor, mais como meios da graça que como atos humanos de
comprometimento e lembrança.”
O
teólogo reformado Todd Billings também destacou a impossibilidade de separar os
cinco pontos do calvinismo do sistema sacramental (incluído o batismo infantil)
que ele implica.
A
Comunhão Mundial de Igrejas Reformadas (CMIR) não inclui qualquer grupo
batista, embora alguns batistas queiram ser chamados de “batistas reformados”.
Roger Olson observou: “A exclusão dos batistas da CMIR mais do que sugere
que os cristãos reformados do mundo não consideram ‘batista reformado’ um termo
historicamente preciso”. É interessante que a CMIR inclui até igrejas
remonstrantes (que não se consideram calvinistas), mas não inclui os batistas!
Os
batistas que buscam identificação na Confissão de Westminster devem lembrar que
essa confissão foi resultado de uma assembléia convocada e financiada pelo
Parlamento inglês, a maior negação do princípio batista de separação entre
igreja e Estado.
O
famoso teólogo batista Edgar Y. Mullins, em seu livro Baptists Beliefs (crenças
batistas) fala sobre o papel do arbítrio liberto pela graça preveniente na
aceitação da salvação:
“O
livre-arbítrio do homem é uma verdade tão fundamental como qualquer outra nos
evangelhos e nunca deve ser cancelada em nossas declarações doutrinárias. O
homem não seria homem sem o livre-arbítrio e Deus nunca nos priva de nossa
humanidade moral ao nos salvar [...]. O decreto da salvação deve ser olhado
como um todo para ser entendido. Alguns têm olhado somente para a escolha de
Deus e ignorado o significado e a escolha necessária da parte do homem”.
Alexander
Maclaren, um dos grandes batistas da Inglaterra disse em Expositions of Holy
Scripture:
“Se
eu não posso confiar nos meus sentidos para que eu faça isto ou não faça,
conforme minha escolha, então não existe coisa alguma em que eu possa confiar.
A vontade é o poder de determinar qual das duas [ou mais] estradas eu devo
seguir [...]. Deus, a infinita Vontade, deu ao homem, a quem Ele fez à Sua
imagem, esse inexplicável e impressionante poder, de concordar ou de se opor ao
Seu propósito e à Sua voz...”.
Conforme
John Landers (Teologia dos Princípios Batistas), os batistas gerais
(criam na expiação universal e não eram calvinistas) nasceram do contato entre
não-conformistas ingleses e anabatistas da Europa continental. Surgiram na
Inglaterra antes dos batistas particulares (os que criam na expiação limitada e
eram calvinistas dos 5 pontos). Os batistas gerais não se viam ligados a
Armínio, mas à tradição anabatista, a partir da qual vieram a acreditar que os
batistas existiam desde os apóstolos e nunca estiveram na Igreja Romana. Apesar
de não crerem como os calvinistas na eleição incondicional e na expiação
limitada, sustentavam em suas declarações de fé a doutrina da “perseverança dos
santos”.
Com
o despertar missionário, os batistas particulares (calvinistas, chamados de
“cascaduras”) tiveram muitos problemas. A maioria resistia ao trabalho
missionário em nome da doutrina da predestinação: povos ainda não alcançados
não haviam sido objetos do decreto eletivo de Deus! A contra-argumentação,
entretanto, dos batistas particulares que se sentiam chamados aos campos
missionários terminou prevalecendo e enfraquecendo as convicções calvinistas.
As novas declarações de fé dos batistas particulares passaram a se afastar cada
vez mais do calvinismo, fazendo um percurso na direção dos batistas gerais.
Os
batistas particulares surgiram de igrejas congregacionais que abraçaram o
batismo por imersão. Não estabeleceram vínculos históricos com os anabatistas.
Os
batistas gerais são para nós os verdadeiros batistas, os quais não apenas tem
uma soteriologia consentânea com o batismo adulto, voluntário e sob profissão
de fé, mas podem invocar atrás de si a continuidade apostólica por meio de
diversos grupos que, desde a Constantinização da Cristandade, não pactuaram com
ela.
Dr. Glauco Barreira Magalhães
Filho
OBS: Para quem quiser saber sobre
a posição histórica dos Batistas do Sul (EUA), leia o artigo “Uma afirmação do
Entendimento Batista do Sul Tradicional
do Plano de Salvação de Deus”: http://institutopietistadecultura.blogspot.com.br/2012/06/uma-afirmacao-do-entendimento-batista.html
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