No período primitivo e pós-apostólico da igreja cristã, muitos gigantes intelectuais se levantaram desde Paulo até Agostinho para evidenciar a superioridade do evangelho sobre a filosofia greco-romana. O fervor apologético produziu obras que até hoje arrebatam leitores piedosos. Na Idade Média, a teologia foi a rainha das ciências, o modelo para a compreensão do mundo. A Reforma, por sua vez, sendo um profundo movimento espiritual, não apenas colocou a Bíblia na mão do homem comum, mas também o inflamou com o zelo de estudá-la.
Foi o liberalismo teológico do final do século XIX e início do século XX que tirou a vitalidade da teologia, procurando acomodá-la a uma mentalidade cientificista, que agora está sendo criticada pelos filósofos pós-modernos. O liberalismo encontrou oportunidade porque o fervor teológico já tinha sido apagado pela rotina e pelas incursões da política de Estado nas controvérsias religiosas.
No século XX, Karl Barth e Francis Schaeffer foram pensadores cristãos que, apesar das discordâncias, ousaram falar sobre o mundo da perspectiva teológica em lugar de falarem da teologia sob a perspectiva mundana. Foi, porém, C. S. Lewis, um professor de literatura, que retomou o modo agostiniano e medieval de fazer teologia. A sua grande contribuição foi a redescoberta do papel do imaginário para o pensamento religioso. Isso significa que falamos do transcendente comparando com o que conhecemos no mundo sensível. A nossa linguagem religiosa tem um “déficit” em relação à realidade a que se refere. Essa lacuna é suprida por uma variedade de metáforas e analogias em relação de complementaridade. Essa é razão de Jesus ser tanto o “LEÃO” como o “CORDEIRO”.
A linguagem teológica está comprometida com a verdade (adequação do pensamento com a realidade), mas também com a normatividade (o imperativo que nasce do indicativo – ex.: “devemos ser santos porque somos santos”) e, acima de tudo, com a impressão poética arrebatadora. Jonathan Edwards dizia que a verdadeira religião consiste em santos afetos. Ele sustentava que uma pregação não deveria ser acompanhada com caneta e papel (como um estudo bíblico), pois o seu objetivo era deixar impressões mais do que sistematizações. O Dr. M. Lloyd-Jones disse que a pregação era “razão eloqüente” e “lógica em chamas”.
Há um “caminho mais excelente” no modo de fazer teologia. Identificar esse caminho é a proposta desse livro!
Glauco Barreira Magalhães Filho é Mestre em Direito Público (UFC), Doutor em Sociologia da Religião (UFC), Doutor em Teologia (Ethnic Christian Open University) e Livre Docente em Filosofia (UVA). É professor universitário (UFC/UNIFOR), Diretor do Instituto Pietista de Cultura (IPC) e pastor da Igreja Batista R. Moriá em Fortaleza-Ce. É autor de livros nas áreas de Direito, Filosofia e Sociologia. No campo teológico, além de diversos artigos, escreveu “O Imaginário em As Crônicas de Nárnia” (Mundo Cristão), “Lições das Crônicas de Nárnia” (Abba Press), “Teologia do Fogo” (Moriá Ed.) e “Manifesto contra o mundanismo” (Moriá Ed.)
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