CRISTIANISMO E UNIVERSIDADE

Seja bem-vindo a "CRISTIANISMO E UNIVERSIDADE". Aqui procuraremos apresentar artigos acerca de assuntos acadêmicos relacionados aos mais diversos saberes, mantendo sempre a premissa de que a teologia é a rainha das ciências, pois trata dos fundamentos (pressupostos) de todo pensamento, bem como de seu encerramento ou coroamento final. Inspiramo-nos em John Wesley, leitor voraz de poesia e filosofia clássica, conhecedor e professor de várias línguas, escritor de livros de medicina, teólogo, filantropo, professor de Oxford e pregador fervoroso do avivamento espiritual que incendiou a Inglaterra no século XVIII.

A situação atual é avaliada dentro de seus vários aspectos modais (econômico, jurídico, político, linguístico, etc.), mas com a certeza de que esses momentos da realidade precisam encontrar um fator último e absoluto que lhes dê coerência. Esse fator último define a cosmovisão adotada. Caso não reconheçamos Deus nela, incorreremos no erro de absolutizar algum aspecto modal, que é relativo por definição.

A nossa cosmovisão não é baseada na dicotomia "forma e matéria" (pensamento greco-clássico), nem na dicotomia "natureza-graça" (catolicismo), nem na "natureza-liberdade" (humanismo), mas, sim, na tricotomia "criação-queda-redenção" (pensamento evangélico).

ESTE BLOG INICIOU EM 09 DE JANEIRO DE 2012





segunda-feira, 30 de julho de 2012

CORCORDAR OU DISCORDAR

“Prezo tanto a minha liberdade intelectual como qualquer outra pessoa, mas quero ser livre para concordar com alguém quando considero que o que diz é correto” (Étienne Gilson).

              Nós vivemos em uma época em que a baixa estima domina a maioria das pessoas, sendo essa a razão de muitos aproveitadores estarem querendo ganhar dinheiro com palestras sobre motivação e sucesso. Além disso, predomina também a superficialidade na área do conhecimento, pois as pessoas desconhecem os “primeiros princípios” e evitam as questões últimas. Na medida em que falta a profundidade teórica e existencial, valoriza-se o irracional e o exótico. Um discurso não é mais apreciado por ser verdadeiro, mas por ser eloqüente. A religião tornou-se questão de sentimento. O relativismo e o ceticismo dominam a vida social. As universidades consideram as grandes discussões metafísicas como irrelevantes. O pragmatismo é a nova lógica do pensamento.
              A baixa estima dominante é proveniente da insignificância do indivíduo na cultura de massa, onde tudo é banalizado e tornado efêmero. A desagregação familiar e a ausência de modelos tem impedido a formação de uma identidade estável nos jovens. Somando-se a esses fatores, nós temos o fato de a sociedade de consumo aferir o valor do indivíduo pela posse dos modelos tecnologicamente mais avançados de coisas supérfluas.
              Nesse ambiente fluído, as pessoas são incentivadas a discordar, pensar diferente ou não concordar com tudo para parecerem singulares. Essa perspectiva alimenta o desejo por novidades e amplia tanto o mercado como o consumo. Se alguém concorda com o que o outro diz (principalmente em meios universitários), é logo estigmatizado como “Maria vai com as outras”. Eu fico pasmo ao ver alunos discordarem de mim em aulas na Universidade somente para dizerem que tem “opinião própria”. A baixa estima é notória.
               Hoje, está na moda discordar daquilo que outrora foi consenso universal. Negam a lógica e as premissas morais mais óbvias. Os cínicos religiosos fazem de conta que as coisas mais claras da Bíblia não estão de fato nela.
               Se, no passado inquisitorial, o divergente era repudiado, agora, é rejeitado o que concorda. Não percebem os “gratuitos discordantes” que o desejo de serem diferentes é interessante ao mercado, o qual precisa da “vontade de ser diferente” para encontrar consumidores para os novos produtos que vão substituir os que já são de uso popularizado (comunitário). Os “livre-pensadores” de nosso tempo são agentes ativos ou passivos da nova sociedade de consumo.
               Eu quero ter a liberdade de divergir quando a verdade o exigir, mas quero ter a liberdade e o prazer de concordar - divergir é sempre doloroso, apesar de poder ser necessário do ponto de vista moral - quando a verdade o permitir. Infelizmente, eu preciso discordar de muita gente nos dias atuais, mas isso só acontece porque eles resolveram discordar daquilo que para os mais antigos foi consenso! Não discordo do bom senso ou da reta razão, mas discordo do cinismo intelectual e da indiferença moral.


Prof. Glauco Barreira Magalhães Filho
 Mestre em Direito Público (UFC), Doutor em Sociologia (UFC), Livre-Docente em Filosofia do Direito (UVA), Doutor Honoris Causa (SODIMA), Doutor em Teologia (Ethnic Christian Open University), Doutor em Ministério (Faculdade de Teologia Metodista Livre), Pós-Graduado em Teologia Histórica e Dogmática (FAERPI) e Membro da Academia Cearense de Letras Jurídicas