CRISTIANISMO E UNIVERSIDADE

Seja bem-vindo a "CRISTIANISMO E UNIVERSIDADE". Aqui procuraremos apresentar artigos acerca de assuntos acadêmicos relacionados aos mais diversos saberes, mantendo sempre a premissa de que a teologia é a rainha das ciências, pois trata dos fundamentos (pressupostos) de todo pensamento, bem como de seu encerramento ou coroamento final. Inspiramo-nos em John Wesley, leitor voraz de poesia e filosofia clássica, conhecedor e professor de várias línguas, escritor de livros de medicina, teólogo, filantropo, professor de Oxford e pregador fervoroso do avivamento espiritual que incendiou a Inglaterra no século XVIII.

A situação atual é avaliada dentro de seus vários aspectos modais (econômico, jurídico, político, linguístico, etc.), mas com a certeza de que esses momentos da realidade precisam encontrar um fator último e absoluto que lhes dê coerência. Esse fator último define a cosmovisão adotada. Caso não reconheçamos Deus nela, incorreremos no erro de absolutizar algum aspecto modal, que é relativo por definição.

A nossa cosmovisão não é baseada na dicotomia "forma e matéria" (pensamento greco-clássico), nem na dicotomia "natureza-graça" (catolicismo), nem na "natureza-liberdade" (humanismo), mas, sim, na tricotomia "criação-queda-redenção" (pensamento evangélico).

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quarta-feira, 11 de outubro de 2017

ANABATISTAS: MUITO ANTES DA REFORMA PROTESTANTE!








Na época da Reforma Protestantes, destacaram-se os anabatistas pela sua fidelidade evangélica. Lutero errou em não os distinguir dos “entusiastas”, como admite o luterano Martin N. Dreher[1]. Muitos historiadores ainda hoje reproduzem essa equivocada indistinção.
     Os anabatistas foram perseguidos tanto por católicos como por autoridades protestantes. Lutero, ao aceitar o princípio da territorialidade como demarcação entre o luteranismo e o catolicismo, rejeitou o anabatismo por sua visão radical acerca da separação entre a igreja e o Estado. Calvino, por outro lado, rejeitou o anabatismo com base em sua visão da predestinação, que envolvia uma teologia do pacto ligada ao batismo infantil e à regeneração antes da fé (associada normalmente com o batismo de crianças).
       A doutrina do batismo adulto e sob profissão de fé implicava para o anabatista todo um pano de fundo doutrinário, tanto uma antropologia como uma eclesiologia. Atualmente, muitos que se dizem “batistas” querem conciliar a prática do batismo adulto difundida pelos anabatistas com pressuposições soteriológicas de outros sistemas teológicos. Percebe-se, porém, que a doutrina do batismo termina se tornando insignificante nesse contexto, faltando as bases que lhe dão pleno sentido.
      John Smith foi um não conformista que adotou o batismo adulto. Ele não foi o fundador da igreja batista como alguns dizem. O seu movimento terminou inclusive sendo absorvido pela igreja menonita na Holanda. O seu amigo Thomal Helwys, porém, voltou da Inglaterra para Holanda para fundar igreja não ligada ao movimento menonita. Ao chegar lá encontrou muitas igrejas batistas já estabelecidas, provenientes do anabatismo europeu. Essas igrejas já batizavam por IMERSÃO antes de aparecerem igrejas congregacionais que também aceitaram o batismo adulto (por imersão), ou seja, antes daqueles que foram chamadas de “batistas particulares” (de filiação calvinista). Há, portanto, um movimento batista cuja origem é anabatista e outro cuja origem é congregacional (calvinista).
    Os batistas provenientes dos anabatistas reivindicam uma anterioridade em relação à Reforma Protestante, pois descendem de grupos perseguidos em toda a Idade Média. Esses grupos, por sua vez, procedem daqueles que não aceitaram a união da igreja com o Estado iniciada com o Imperador Constantino. A Igreja Romana é fruto da constanização, enquanto os anabatistas foram os continuadores do legado apostólico nunca destruído.
       H. H. Muirhead (Field Secretary of the Foreign Mission of the Southern Baptist Convention U.S.A.) observa:

       “Os historiadores modernos cada vez mais se inclinam a concordar que a origem dos anabatistas suíços não procedeu das reformas zwingliana e luterana, mas dos grupos evangélicos de tempos anteriores, principalmente petrobrusianos, bogomilos e valdenses. ‘Recebeu o dogma de batizar das sugestões de outros’, declarou Vadino, burgomestre de São Gali e cunhado de Conrado Grebel, a quem certos historiadores das gerações passadas tributam a honra de ser o fundador dos anabatistas suíços... Investigadores alemães imparciais tem chegado à conclusão de que a probabilidade de os ‘rebatizadores’ haverem mantido conexão histórica com ‘as seitas’ da Idade Média, está em que estas apareceram precisamente onde aqueles floresceram.
    “Diz o mesmo historiador citado que os que sustentam que os anabatistas se originaram da Reforma têem, entre outros, dois problemas a resolver: Primeiro, a rapidez com que se estendeu o novo fermento e o vasto território que, de pronto, foi ocupado por eles. Segundo, que as igrejas anabatistas na época da Reforma não se desenvolvedram gradualmente, antes apareceram desde o princípio, perfeitamente fundadas: completas em sua organização, sãs em doutrina, e estritas em disciplina.” (O CRISTIANISMO ATRAVÉS DOS SÉCULOS. 2a ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, [s.d.] p. 186-187).

Rev. Glauco Barreira Magalhães Filho





[1] De Luder a Lutero. São Leopoldo: Sinodal, 2014, p. 267

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