A igreja antiga, depois de breve
tempo de bonança no século III, encarou de novo uma grande perseguição a partir
de 250 A. D. Durante o tempo de paz, houve um relaxamento espiritual que levou
Cipriano, Bispo de Cartago, a interpretar que a perseguição era tanto uma
punição divina como um meio de despertar a igreja. No exílio, Cipriano fez um
comentário acerca das razões de ter Deus ter permitido a perseguição.
Destacarei com letras maiúsculas aquilo que a nossa geração cega costuma ignorar:
“O Todo-Poderoso desejou provar sua família,
pois as bênçãos de uma paz prolongada haviam corrompido a divina disciplina que
nos fora dada. A nossa fé adormecida e prostrada despertou, se posso falar
assim, a ira celestial. E conquanto merecêssemos mais por nossos pecados, o
clemente e misericordioso Senhor fez com que os acontecimentos fossem mais uma
provação que uma perseguição. O mundo inteiro achava-se absorto em interesses
temporais, e os cristãos esqueceram-se das coisas gloriosas que eram feitas nos
dias dos apóstolos. Em vez de fazer brilhar o seu exemplo, ardiam com o desejo
da vã opulência deste mundo, e envidavam todos os esforços para aumentar sua
riqueza. A piedade e a religião foram banidas da vido dos pastores, e a fidelidade
e a integridade não mais eram encontradas nos ministros do altar. A caridade e
a disciplina da moral já não eram visíveis em seus rebanhos. OS HOMENS
PENTEAVAM A BARBA, E AS MULHERES PINTAVAM A FACE; ATÉ SEUS OLHOS ERAM TINGIDOS,
E SEUS CABELOS FALSOS. Para enganar os simples, usavam fraudes e sutilezas; e
até os cristãos enganavam-se uns aos outros, havendo-se com desonestidade e
astúcia. CASAVAM-SE COM INCRÉDULOS, e prostituíam os membros de Jesus Cristo,
UNINDO-SE AOS PAGÃOS. Em seu orgulho, zombavam dos pastores, feriam-se
mutuamente com suas línguas envenenadas, e pareciam destruir-se com ódio
mortal. MENOSPREZAVAM A SIMPLICIDADE e a HUMILDADE requeridas pela fé, e
permitiam-se serem guiadas pelos impulsos da vaidade. Desprezavam o mundo
apenas de palavras. Não merecemos, então, os horrores da perseguição que rompeu
sobre nós?” (In OS MÁRTIRES DO COLISEU de A. J. O’Reilly)
Rev. Glauco Barreira Magalhães Filho