A manifestação na França contra o "casamento" gay é uma resposta à falácia esquerdista de que a consolidação de tal casamento é um fato inevitável e irreversível. O professor de
jurisprudência da Universidade Princeton, Robert P. George, considera um
grave erro dos conservadores a aceitação da hipótese - obviamente incentivada
pelos liberais - de que a defesa da família é uma "causa perdida". O
professor recorda que o mesmo foi dito a respeito do direito ao aborto nos
Estados Unidos, durante a década de 70, e hoje é mais comum encontrar pessoas
pró-vida do que pró-escolha (como se definem os defensores do aborto). Ele
alerta que a aceitação da união matrimonial entre pessoas do mesmo sexo não é
uma simples questão de "justiça social", como afirmam seus defensores, mas uma
mudança substancial no conceito de família e paternidade, que trará
consequências perigosas para a educação das crianças e para a liberdade
religiosa.
Ora, se se concebe o casamento não como uma união em uma só carne, argumenta
George, mas como uma "parceria doméstica romântico-sexual", todo o arcabouço
familiar desmorona, pois já não fazem sentido a monogamia, a fidelidade conjugal
e os direitos paternais biológicos. O casamento passa a existir apenas como um
contrato social com prazo de validade no qual ambas as partes prestam serviços
sexuais. Isso é a completa perversão do conceito de família, além de uma
afronta direta ao direito matrimonial histórico, que jamais cogitou tamanho
disparate. A denúncia de Robert P. George se torna ainda mais grave
quando se observam os precedentes abertos por essa compreensão errônea do ser
humano e, por conseguinte, do casamento. Ele se questiona: "se dois homens ou
duas mulheres podem se casar, por que não poderiam se casar também três ou mais
pessoas, indistintamente de sexo, em poliamorosas "tríades", "quadríades",
etc?"
Outro fator importante elencado pela fundadora do Instituto Ruth - uma
organização dedicada à promoção da família - Jennifer Roback Morse, é o aumento
da interferência do Estado nas questões familiares, por causa da nova definição
do matrimônio. O casamento é uma instituição pública, cuja finalidade natural é
defender os direitos das crianças. Cabe ao Estado garantir esses direitos
através da justiça. Toda criança tem o direito natural de conhecer sua
origem, sua identidade e de relacionar-se com o pai e a mãe. Todavia,
quando o casamento deixa de ter seu fundamento biológico para se tornar um
contrato, inúmeros problemas aparecem: divórcios unilaterais, filhos fora do
casamento, produção independente, prejuízo à educação das crianças e
sexualização precoce. Criada a desordem, quem aparece para arrumar a bagunça,
pergunta Jennifer Morse? O Estado. Ela afirma que "o governo hoje em dia
interfere muito mais na vida privada das pessoas do que jamais o fez nos
terríveis anos da década de 1950".
Em linhas gerais, a intenção dos esquerdistas e dos promotores do "casamento"
gay nunca foi garantir "direitos iguais" aos homossexuais, mas tão somente
aumentar o poder do Estado sobre a família e o comportamento dos seus filhos.
Trata-se de uma engenharia social que caminha a passos largos e imita os rumos
de países como a Suécia, um triste exemplo de nação na qual os pais não têm mais
contato com seus filhos. A educação fica sob total responsabilidade do Governo,
que os educa conforme a sua cartilha materialista e socialista. E se resta
alguma dúvida de que essa política está sendo empregada no Brasil, basta lembrar
da recente lei promulgada pela presidente Dilma Rousseff que obriga os pais a
matricularem seus filhos na escola a partir dos quatro anos de idade.
Por outro lado, infelizmente, pouquíssimas pessoas têm se dado conta da
gravidade da situação. Não percebem que o que se está em jogo é a
autonomia familiar, os direitos da criança e a liberdade religiosa.
Alguns argumentam que isso é uma questão de foro íntimo e de liberdade de
consciência. Não, não é! Nenhuma nação é livre quando os direitos fundamentais
do indivíduo são tolhidos logo na base, ou seja, quando crianças. Recorda
Jennifer Roback Morse, "não é possível criar uma sociedade duradoura que
sistematicamente mine o fundamento biológico da identidade humana".
Provavelmente, todos têm contato com filhos de pais separados, com crianças
órfãs ou frutos de uma "produção independente". Todos sabem do sofrimento e da
angústia delas. Não obstante, imaginem então o caso daquelas crianças geradas em
barrigas de aluguel, geradas a partir de doações de sêmen, seja para pares
homossexuais, seja para casais.
As manifestações realizadas na França e na Polônia não são apenas atos
políticos de partidos de "extrema direita". São, antes de tudo, um ato
heroico de um povo que percebeu a artimanha sorrateira dos liberais contra a
família. Reproduzem a reta razão e o direito natural inscrito no
coração do ser humano de que o matrimônio é uma realidade existente somente
entre um homem e uma mulher, não só para a geração, mas também para a proteção e
garantia da vida dos filhos. E isso, nenhuma ideologia, por mais engenhosa que
seja, será capaz de cancelar. Que elas possam inspirar mais e mais
católicos e pessoas de boa vontade a se posicionarem de maneira clara contra a
mentira e os projetos totalitários que procuram solapar a família.
Fonte: Equipe Christo Nihil Praeponere
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