
Uma
das distinções entre batistas e presbiterianos está no fato de os batistas
batizarem adultos sob a profissão de fé e os presbiterianos ainda manterem o
batismo infantil. A razão disso é que os calvinistas, por crerem que a regeneração
antecede a fé, não encontram razão para não batizar um infante antes de ele
crer. Os batistas, porém, não podem deixar de acreditar que a fé é anterior a
regeneração, pois é isso que representam no batismo adulto: Uma pessoa professando
a fé publicamente para depois ser imersa em água (símbolo da regeneração).
C.
H. Spurgeon é apontado como um batista calvinista, mas é perceptível um
afastamento cada vez maior do calvinismo em seus últimos anos de ministério.
Ainda, porém, em seus dias mais “calvinistas” acreditou na ordem da salvação como
compreendida pelos batistas. Vejamos um trecho de uma mensagem sua sobre a
regeneração:
“Por que criaríamos uma dificuldade onde
não há nenhuma? Se uma declaração nos assegura da necessidade da salvação de alguma coisa,
que só Deus pode dar, e se outra nos assegura de que o Senhor nos salvará
quando crermos em Jesus, então, podemos concluir seguramente que o senhor dará
aos que creem tudo aquilo que se declara ser necessário à salvação. De fato, o
Senhor produz o novo nascimento em todos aqueles que creem em Jesus; e a fé
deles é a mais segura evidência de que eles nasceram de novo.
Confiamos em Jesus por aquilo que não
podemos fazer por nós mesmos. Se estivesse em nosso próprio poder, que
necessidade haveria de olharmos para ele? A nós compete crer; ao Senhor compete
nos criar de novo. Ele não vai crer por nós; e não compete a nós fazermos a obra
da regeneração por Ele. Basta obedecermos ao gracioso mandamento; compete ao
Senhor operar em nós o novo nascimento [...] Se um homem fosse chamado para
semear um campo, ele não poderia desculpar a sua negligência, dizendo que seria
inútil semeá-lo a menos que Deus fizesse crescer as sementes. Ele não seria
justificado pela sua negligência de arar porque só as secretas energias de Deus
podem criar uma seara.” (C. H. SPURGEON. Tudo pela Graça. Trad. José de Miranda Pinto. São Paulo: PES, 2015,
p. 94-95).
Não pretendemos
aqui discutir quem está certo (batistas ou presbiterianos) nem o quanto
Spurgeon foi calvinista. O fato é que, apesar de dizer que ninguém podia se
arrepender e crer sem ser capacitado pelo Espírito Santo (até os arminianos
acreditam nisso), o pregador de Londres não chegava a confundir essa capacitação
com a regeneração.
Para
ser um batista coerente, portanto, algumas convicções são inafastáveis!
Dr. Glauco Barreira
Magalhães Filho