CRISTIANISMO E UNIVERSIDADE
Seja bem-vindo a "CRISTIANISMO E UNIVERSIDADE". Aqui procuraremos apresentar artigos acerca de assuntos acadêmicos relacionados aos mais diversos saberes, mantendo sempre a premissa de que a teologia é a rainha das ciências, pois trata dos fundamentos (pressupostos) de todo pensamento, bem como de seu encerramento ou coroamento final. Inspiramo-nos em John Wesley, leitor voraz de poesia e filosofia clássica, conhecedor e professor de várias línguas, escritor de livros de medicina, teólogo, filantropo, professor de Oxford e pregador fervoroso do avivamento espiritual que incendiou a Inglaterra no século XVIII.
A situação atual é avaliada dentro de seus vários aspectos modais (econômico, jurídico, político, linguístico, etc.), mas com a certeza de que esses momentos da realidade precisam encontrar um fator último e absoluto que lhes dê coerência. Esse fator último define a cosmovisão adotada. Caso não reconheçamos Deus nela, incorreremos no erro de absolutizar algum aspecto modal, que é relativo por definição.
A nossa cosmovisão não é baseada na dicotomia "forma e matéria" (pensamento greco-clássico), nem na dicotomia "natureza-graça" (catolicismo), nem na "natureza-liberdade" (humanismo), mas, sim, na tricotomia "criação-queda-redenção" (pensamento evangélico).
ESTE BLOG INICIOU EM 09 DE JANEIRO DE 2012
A situação atual é avaliada dentro de seus vários aspectos modais (econômico, jurídico, político, linguístico, etc.), mas com a certeza de que esses momentos da realidade precisam encontrar um fator último e absoluto que lhes dê coerência. Esse fator último define a cosmovisão adotada. Caso não reconheçamos Deus nela, incorreremos no erro de absolutizar algum aspecto modal, que é relativo por definição.
A nossa cosmovisão não é baseada na dicotomia "forma e matéria" (pensamento greco-clássico), nem na dicotomia "natureza-graça" (catolicismo), nem na "natureza-liberdade" (humanismo), mas, sim, na tricotomia "criação-queda-redenção" (pensamento evangélico).
ESTE BLOG INICIOU EM 09 DE JANEIRO DE 2012
segunda-feira, 23 de janeiro de 2017
BATISTA OU REFORMADO? - PARTE II
O
Calvinismo original exige o batismo infantil, enquanto os antigos batistas o
consideravam a maior de todas as abominações do papa.
No calvinismo,
os filhos dos crentes são presumidamente tidos como eleitos e, por isso,
batizados na infância. O batismo antes da fé não invalida o sacramento nesta
visão, porque o homem não é salvo pela fé, mas tem fé porque é salvo (eleito).
A própria regeneração acontece antes da fé no calvinismo.
Para Calvino e
os primeiros calvinistas, os filhos dos crentes estão no pacto de Deus, sendo
regenerados no batismo infantil ou obtendo ali a promessa certa de regeneração.
João
Calvino (que aceitou a validade de seu batismo infantil no romanismo e nunca
teve um batismo legítimo) disse nas Institutas:
“...
Mas negamos [...] que, portanto, o poder de Deus não pode regenerar crianças
[...] Deixe Deus, então, ser demandado por que Ele ordenou que a circuncisão
fosse realizada nos corpos das crianças [...] pelo batismo somos enxertados no
corpo de Cristo... crianças [...] devem ser batizads [...] Pois [...] os filhos
[...] dos cristãos, como eles são, imediatamente, em seu nascimento, recebidos por Deus como herdeiros do pacto,
também devem ser admitidos no batismo”.
O
calvinista Homer Hoeksema, em seu livro Reformed Dogmatics, disse: “a
regeneração pode acontecer na menor das crianças [...] na esfera da aliança de
Deus, Ele geralmente regenera Seus filhos eleitos na infância”.
O
calvinista Michael Horton observa: “Além do mais, a teologia do pacto –
incluindo o batismo dos filhos do pacto e o governo eclesiástico presbiteral
liderado por ministros e presbíteros – pertencem a nossa confissão comum juntamente com o famoso acróstico
TULIP. A gloriosa graça de Deus é tão
evidente quanto nossa visão do batismo
e a Ceia do Senhor, mais como meios da graça que como atos humanos de
comprometimento e lembrança.”
O
teólogo reformado Todd Billings também destacou a impossibilidade de separar os
cinco pontos do calvinismo do sistema sacramental (incluído o batismo infantil)
que ele implica.
A
Comunhão Mundial de Igrejas Reformadas (CMIR) não inclui qualquer grupo
batista, embora alguns batistas queiram ser chamados de “batistas reformados”.
Roger Olson observou: “A exclusão dos batistas da CMIR mais do que sugere
que os cristãos reformados do mundo não consideram ‘batista reformado’ um termo
historicamente preciso”. É interessante que a CMIR inclui até igrejas
remonstrantes (que não se consideram calvinistas), mas não inclui os batistas!
Os
batistas que buscam identificação na Confissão de Westminster devem lembrar que
essa confissão foi resultado de uma assembléia convocada e financiada pelo
Parlamento inglês, a maior negação do princípio batista de separação entre
igreja e Estado.
O
famoso teólogo batista Edgar Y. Mullins, em seu livro Baptists Beliefs (crenças
batistas) fala sobre o papel do arbítrio liberto pela graça preveniente na
aceitação da salvação:
“O
livre-arbítrio do homem é uma verdade tão fundamental como qualquer outra nos
evangelhos e nunca deve ser cancelada em nossas declarações doutrinárias. O
homem não seria homem sem o livre-arbítrio e Deus nunca nos priva de nossa
humanidade moral ao nos salvar [...]. O decreto da salvação deve ser olhado
como um todo para ser entendido. Alguns têm olhado somente para a escolha de
Deus e ignorado o significado e a escolha necessária da parte do homem”.
Alexander
Maclaren, um dos grandes batistas da Inglaterra disse em Expositions of Holy
Scripture:
“Se
eu não posso confiar nos meus sentidos para que eu faça isto ou não faça,
conforme minha escolha, então não existe coisa alguma em que eu possa confiar.
A vontade é o poder de determinar qual das duas [ou mais] estradas eu devo
seguir [...]. Deus, a infinita Vontade, deu ao homem, a quem Ele fez à Sua
imagem, esse inexplicável e impressionante poder, de concordar ou de se opor ao
Seu propósito e à Sua voz...”.
Conforme
John Landers (Teologia dos Princípios Batistas), os batistas gerais
(criam na expiação universal e não eram calvinistas) nasceram do contato entre
não-conformistas ingleses e anabatistas da Europa continental. Surgiram na
Inglaterra antes dos batistas particulares (os que criam na expiação limitada e
eram calvinistas dos 5 pontos). Os batistas gerais não se viam ligados a
Armínio, mas à tradição anabatista, a partir da qual vieram a acreditar que os
batistas existiam desde os apóstolos e nunca estiveram na Igreja Romana. Apesar
de não crerem como os calvinistas na eleição incondicional e na expiação
limitada, sustentavam em suas declarações de fé a doutrina da “perseverança dos
santos”.
Com
o despertar missionário, os batistas particulares (calvinistas, chamados de
“cascaduras”) tiveram muitos problemas. A maioria resistia ao trabalho
missionário em nome da doutrina da predestinação: povos ainda não alcançados
não haviam sido objetos do decreto eletivo de Deus! A contra-argumentação,
entretanto, dos batistas particulares que se sentiam chamados aos campos
missionários terminou prevalecendo e enfraquecendo as convicções calvinistas.
As novas declarações de fé dos batistas particulares passaram a se afastar cada
vez mais do calvinismo, fazendo um percurso na direção dos batistas gerais.
Os
batistas particulares surgiram de igrejas congregacionais que abraçaram o
batismo por imersão. Não estabeleceram vínculos históricos com os anabatistas.
Os
batistas gerais são para nós os verdadeiros batistas, os quais não apenas tem
uma soteriologia consentânea com o batismo adulto, voluntário e sob profissão
de fé, mas podem invocar atrás de si a continuidade apostólica por meio de
diversos grupos que, desde a Constantinização da Cristandade, não pactuaram com
ela.
Dr. Glauco Barreira Magalhães
Filho
OBS: Para quem quiser saber sobre
a posição histórica dos Batistas do Sul (EUA), leia o artigo “Uma afirmação do
Entendimento Batista do Sul Tradicional
do Plano de Salvação de Deus”: http://institutopietistadecultura.blogspot.com.br/2012/06/uma-afirmacao-do-entendimento-batista.html
domingo, 22 de janeiro de 2017
Rev. Glauco Barreira Magalhães Filho profere discurso em Manifestação Contra o Aborto em Fortaleza - 22/01/2017
O Dr. Glauco Barreira Magalhães Filho (pastor batista e professor universitário) proferiu discurso contra o aborto em Manifestação ocorrida hoje na Praça Portugal em Fortaleza-CE.
quarta-feira, 18 de janeiro de 2017
SAIBA TUDO SOBRE A GRANDE VIAGEM DOS 500 ANOS DA REFORMA PROTESTANTE (Fortaleza, São Paulo e Rio de Janeiro)! OPORTUNIDADE IMPERDÍVEL! NÃO DEIXE DE LER!
Em julho, pela RAFASTOUR, sairá uma grande caravana para a
Alemanha e Suíça. Trata-se de uma viagem, com foco histórico e teológico, para
comemoração dos 500 anos da Reforma Protestante. Na oportunidade, serão
visitados os lugares, prédios, museus, castelos e igrejas que foram marcantes
para a Reforma Luterana e Calvinista. No percurso, além das identificações
históricas, teremos palestras teológicas edificantes sobre os grandes temas da
Reforma do século XVI. Apesar de Fortaleza ser o “carro-chefe”, um grupo sairá
do Rio de Janeiro e outro sairá de São Paulo, havendo o encontro e unificação
do grupo em Lisboa.
O líder
espiritual será o Rev. Dr. Glauco Barreira Magalhães Filho, que é Pastor
Batista, Graduado em Teologia pela Universidade Metodista de São Paulo (também
Graduado em Direito pela UFC), com Doutorado em Ministério pela FTML (também em
Sociologia da Religião pela UFC[1]),
Pós-graduado em Teologia Histórica e Dogmática pela FAERPI (além de
Livre-Docente em Filosofia pela UVA) e Doutor Honoris Causa pelo SODIMA
(Seminário Ortodoxo Diocesano de Maracanaú). O Dr. Glauco Barreira Magalhães
Filho é professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará na
disciplina de Hermenêutica Jurídica (Graduação) e Estudos do Imaginário
Jurídico (Mestrado e Doutorado), professor e Diretor do Instituto Pietista de
Cultura, membro do NERPO (Núcleo de Estudos de Religião, Política e Cultura) da
Universidade Federal do Ceará, Coordenador da Sociedade de Direito Natural
(Faculdade de Direito da UFC) e Coordenador (e idealizador) da COMUNIE (Comunhão Universitária
Evangélica).
O Dr. Glauco
Barreira Magalhães Filho escreveu dois livros sobre a Reforma Protestante:
“Teologia, Protestantismo e Espiritualidade” (Ed. Vida –Ganhador do Prêmio
Areté) e “A Reforma Protestante e o Estado de Direito” (Fonte Editorial).
Prefaciou duas obras sobre temas ligados à Reforma: “Estado Moderno: Reforma e
Contra-Reforma” (Ed. Premius) e “Nas Chamas por Cristo” de Dave e Neta Jackson
(Ed. Moriá). Além disso, escreveu vários livros sobre a obra de C. S. Lewis: “O
Imaginário em As Crônicas de Nárnia” (Ed. Mundo Cristão), “Lições das Crônicas
de Nárnia” (Abba Press) e “Teologia e Imaginário” (Ed. Reflexão). Para conhecer
a vasta produção bibliográfica do Dr. Glauco: http://cristianismoeuniversidade.blogspot.com.br/2014/05/publicacoes-do-dr-glauco-barreira.html
As palestras
do Dr. Glauco Barreira Magalhães Filho na Alemanha e Suíça gerarão um certificado
de Curso Teológico sobre os 500 anos da Reforma Protestante para os
participantes.
O valor do
investimento é de 2.995 euros (converter em reais na cotação vigente),
divididos em prestações. Inclui aéreo, terrestre, hotel com café da manhã, o
jantar em várias noites, o curso e a certificação.
Informações sobre a viagem e o percurso: http://www.rafastour.com.br/site/?portfolio=500-anos-da-reforma-protestante-julho2017
[1] Em seu
Doutorado em Sociologia pela UFC pesquisou na Alemanha e na Inglaterra sobre a
influência da Reforma Protestante e dos puritanos na modelação do Estado
Moderno.
quarta-feira, 4 de janeiro de 2017
PROTESTANTISMO, ANABATISMO E O CANTO DA SEREIA ROMANISTA
Três esclarecimentos para o nosso tempo:
(1) Algumas pessoas pensam que os
protestantes e os anabatistas (incluídos os batistas gerais) supõem que seu
surgimento deriva da Reforma Religiosa do século XVI, como diz a Igreja Romana.
A verdade, porém, é que tanto Lutero como Calvino acreditavam que a igreja
verdadeira sobreviveu desde os apóstolos, mas se manteve no cativeiro
babilônico (romanista e papista) da Idade Média até a Reforma, quando foi
libertada. Para Lutero e Calvino, dentro da Igreja Romana (como uma “ecclesiola
in ecclesia” – uma igreja menor dentro
da maior), sobreviveu o cristianismo apostólico. Isso aconteceu em mosteiros
que conseguiram se manter longe da ingerência papal, com Wycliffe e os
lollards, com Huss e os hussitas, com Jerônimo Savonarola, com João de
Wessalia, com Wesselus, etc.
Para
os anabatistas, mais radicais que os reformadores na restauração do
cristianismo primitivo, a igreja verdadeira sobreviveu fora do catolicismo
romano (cujo início deu-se no século IV), através de “grupos sectários”
(montanistas, donatistas, paulicianos, valdenses, albigenses evangélicos,
etc.).
Nem
protestantes, nem anabatistas acham que surgiram apenas no século XVI.
(2) A Igreja Romana, às vezes, fala com linguagem
“cordial”, dizendo que Lutero foi bem intencionado, mas que se equivocou ao
romper com o papa em vez de ter ajudado a melhorar as coisas. Tais afirmações,
porém, “ignoram” cinicamente que Lutero realmente não queria sair da Igreja,
mas libertá-la do cativeiro. O problema é que ele foi obrigado a retratar-se
sob pena de excomunhão. Entre as teses de que ele deveria se retratar estava,
inclusive, aquela na qual dissera que queimar hereges era contrário à obra do
Espírito Santo. Lutero não rompeu com a igreja, mas foi expulso! Não foi
convidado a ajudá-la, mas a retratar-se!
(3) Os papistas atuais convidam
protestantes e evangélicos para se unirem com Roma como irmãos, pois "as
diferenças entre os dois lados são insignificantes". Muitos evangélicos têm
caído nesse canto da sereia, passando a considerar a soteriologia católica como
uma versão imperfeita, mas genuína do evangelho. Ora, dizer que as diferenças
são insignificantes é dizer que Lutero e os reformadores do século XVI erraram!
Se as diferenças eram insignificantes tudo que foi feito no século XVI foi
realizado por algo insignificante? Todos os mártires protestantes na Inquisição
morreram por algo insignificante?
Todos
os reformadores sustentaram que a doutrina
FORENSE da justificação (Justiça de Cristo IMPUTADA) pela fé SOMENTE era a
verdade que decide se uma igreja ainda está de pé ou já caiu. Eles lutaram não
por algo insignificante, mas pelo coração do evangelho!
Dr. Glauco Barreira Magalhães
Filho
terça-feira, 3 de janeiro de 2017
A QUESTÃO DO DÍZIMO
Rev. Glauco B. Magalhães Filho
A
precipitação de opiniões e as desinformações na internet dão promoção a vários
pensamentos heréticos e infundados do ponto de vista histórico e bíblico. Os
sabatistas, por exemplo, dizem que Constantino criou a guarda do domingo
(apesar de muitos pais da igreja já se referirem a consagração do domingo desde
o século II), os unicistas e arianos dizem que a doutrina da Trindade foi
criada pelo Concílio de Nicéia (apesar de Teófilo e Tertuliano terem escrito
sobre a Trindade já no século II). Os “judaizantes” de hoje dizem que os pais
da igreja helenizaram o cristianismo e o afastaram de suas raízes judaicas após
os apóstolos (apesar de o Novo testamento ter sido escrito em grego e Paulo e o
Concílio de Jerusalém terem repudiado o movimento judaizante). Há quem diga que
os livros do Novo Testamento só foram selecionados no Concílio de Nicéia
(apesar de o Código Muratoriano do século II já definir os livros do Novo
Testamento).
Agora têm
aparecido aqueles que dizem que o dízimo foi criado pela Igreja Romana em um
Concílio da primeira fase da Idade Média (apesar de já mencionada sua prática
no Didaquê do século II).
O que estas
pessoas não percebem é que a Igreja Católica Romana é uma corporação religiosa
que se baseia na tradição. Ela não cria repentinamente algo em Concílios, mas
formaliza e regula práticas consuetudinárias anteriormente existentes (ainda que não sejam universalmente consensuais). O fato
de um concílio regular juridicamente o dízimo não quer dizer que ele não
existia antes como prática. A questão é saber se a prática é bíblica ou não.
Não podemos
encurtar caminho para argumentação, dizendo que algo veio da Igreja Romana e
começou em certa data por decisão de um Concílio. Esse argumento é uma falácia
genética. Tudo que é decidido em Concílio na Igreja Romana tem precedente de
crença e de uso (o que não significa que seja existente desde os dias dos apóstolos).
Não podemos
também dizer que somos contra o dízimo por causa do abuso que dele se faz na
Teologia da Prosperidade. “Abusus non tollit usum” (“O abuso não tolhe o uso”). Precisamos
encarar a responsabilidade de examinar as Escrituras acerca do assunto.
Segue uma
pregação sobre o dízimo à luz da Bíblia e um link para um artigo que analisa a
posição dos Pais da Igreja corretamente sobre o assunto:
Link para artigo sobre os Pais da Igreja: http://anabatistasemfortaleza.blogspot.com.br/2016/12/o-dizimo-e-os-pais-da-igreja-rev-glauco.html?showComment=1481735799393
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