CRISTIANISMO E UNIVERSIDADE

Seja bem-vindo a "CRISTIANISMO E UNIVERSIDADE". Aqui procuraremos apresentar artigos acerca de assuntos acadêmicos relacionados aos mais diversos saberes, mantendo sempre a premissa de que a teologia é a rainha das ciências, pois trata dos fundamentos (pressupostos) de todo pensamento, bem como de seu encerramento ou coroamento final. Inspiramo-nos em John Wesley, leitor voraz de poesia e filosofia clássica, conhecedor e professor de várias línguas, escritor de livros de medicina, teólogo, filantropo, professor de Oxford e pregador fervoroso do avivamento espiritual que incendiou a Inglaterra no século XVIII.

A situação atual é avaliada dentro de seus vários aspectos modais (econômico, jurídico, político, linguístico, etc.), mas com a certeza de que esses momentos da realidade precisam encontrar um fator último e absoluto que lhes dê coerência. Esse fator último define a cosmovisão adotada. Caso não reconheçamos Deus nela, incorreremos no erro de absolutizar algum aspecto modal, que é relativo por definição.

A nossa cosmovisão não é baseada na dicotomia "forma e matéria" (pensamento greco-clássico), nem na dicotomia "natureza-graça" (catolicismo), nem na "natureza-liberdade" (humanismo), mas, sim, na tricotomia "criação-queda-redenção" (pensamento evangélico).

ESTE BLOG INICIOU EM 09 DE JANEIRO DE 2012





segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

DISCURSO DO DR. GLAUCO BARREIRA MAGALHÃES FILHO EM MANIFESTAÇÃO CONTRA O ABORTO EM 22/01/2017 NA PRAÇA PORTUGAL (FORTALEZA-CE)


BATISTA OU REFORMADO? - PARTE II

            O Calvinismo original exige o batismo infantil, enquanto os antigos batistas o consideravam a maior de todas as abominações do papa.
No calvinismo, os filhos dos crentes são presumidamente tidos como eleitos e, por isso, batizados na infância. O batismo antes da fé não invalida o sacramento nesta visão, porque o homem não é salvo pela fé, mas tem fé porque é salvo (eleito). A própria regeneração acontece antes da fé no calvinismo.
Para Calvino e os primeiros calvinistas, os filhos dos crentes estão no pacto de Deus, sendo regenerados no batismo infantil ou obtendo ali a promessa certa de regeneração.
            João Calvino (que aceitou a validade de seu batismo infantil no romanismo e nunca teve um batismo legítimo) disse nas Institutas:

            “... Mas negamos [...] que, portanto, o poder de Deus não pode regenerar crianças [...] Deixe Deus, então, ser demandado por que Ele ordenou que a circuncisão fosse realizada nos corpos das crianças [...] pelo batismo somos enxertados no corpo de Cristo... crianças [...] devem ser batizads [...] Pois [...] os filhos [...] dos cristãos, como eles são, imediatamente, em seu nascimento,  recebidos por Deus como herdeiros do pacto, também devem ser admitidos no batismo”.

            O calvinista Homer Hoeksema, em seu livro Reformed Dogmatics, disse: “a regeneração pode acontecer na menor das crianças [...] na esfera da aliança de Deus, Ele geralmente regenera Seus filhos eleitos na infância”.

            O calvinista Michael Horton observa: “Além do mais, a teologia do pacto – incluindo o batismo dos filhos do pacto e o governo eclesiástico presbiteral liderado por ministros e presbíteros – pertencem a nossa confissão  comum juntamente com o famoso acróstico TULIP.  A gloriosa graça de Deus é tão evidente quanto  nossa visão do batismo e a Ceia do Senhor, mais como meios da graça que como atos humanos de comprometimento e lembrança.”

            O teólogo reformado Todd Billings também destacou a impossibilidade de separar os cinco pontos do calvinismo do sistema sacramental (incluído o batismo infantil) que ele implica.
            A Comunhão Mundial de Igrejas Reformadas (CMIR) não inclui qualquer grupo batista, embora alguns batistas queiram ser chamados de “batistas reformados”. Roger Olson observou: “A exclusão dos batistas da CMIR mais do que sugere que os cristãos reformados do mundo não consideram ‘batista reformado’ um termo historicamente preciso”. É interessante que a CMIR inclui até igrejas remonstrantes (que não se consideram calvinistas), mas não inclui os batistas!
            Os batistas que buscam identificação na Confissão de Westminster devem lembrar que essa confissão foi resultado de uma assembléia convocada e financiada pelo Parlamento inglês, a maior negação do princípio batista de separação entre igreja e Estado.
            O famoso teólogo batista Edgar Y. Mullins, em seu livro Baptists Beliefs (crenças batistas) fala sobre o papel do arbítrio liberto pela graça preveniente na aceitação da salvação:

            “O livre-arbítrio do homem é uma verdade tão fundamental como qualquer outra nos evangelhos e nunca deve ser cancelada em nossas declarações doutrinárias. O homem não seria homem sem o livre-arbítrio e Deus nunca nos priva de nossa humanidade moral ao nos salvar [...]. O decreto da salvação deve ser olhado como um todo para ser entendido. Alguns têm olhado somente para a escolha de Deus e ignorado o significado e a escolha necessária da parte do homem”.

            Alexander Maclaren, um dos grandes batistas da Inglaterra disse em Expositions of Holy Scripture:


            “Se eu não posso confiar nos meus sentidos para que eu faça isto ou não faça, conforme minha escolha, então não existe coisa alguma em que eu possa confiar. A vontade é o poder de determinar qual das duas [ou mais] estradas eu devo seguir [...]. Deus, a infinita Vontade, deu ao homem, a quem Ele fez à Sua imagem, esse inexplicável e impressionante poder, de concordar ou de se opor ao Seu propósito e à Sua voz...”.

            Conforme John Landers (Teologia dos Princípios Batistas), os batistas gerais (criam na expiação universal e não eram calvinistas) nasceram do contato entre não-conformistas ingleses e anabatistas da Europa continental. Surgiram na Inglaterra antes dos batistas particulares (os que criam na expiação limitada e eram calvinistas dos 5 pontos). Os batistas gerais não se viam ligados a Armínio, mas à tradição anabatista, a partir da qual vieram a acreditar que os batistas existiam desde os apóstolos e nunca estiveram na Igreja Romana. Apesar de não crerem como os calvinistas na eleição incondicional e na expiação limitada, sustentavam em suas declarações de fé a doutrina da “perseverança dos santos”.
            Com o despertar missionário, os batistas particulares (calvinistas, chamados de “cascaduras”) tiveram muitos problemas. A maioria resistia ao trabalho missionário em nome da doutrina da predestinação: povos ainda não alcançados não haviam sido objetos do decreto eletivo de Deus! A contra-argumentação, entretanto, dos batistas particulares que se sentiam chamados aos campos missionários terminou prevalecendo e enfraquecendo as convicções calvinistas. As novas declarações de fé dos batistas particulares passaram a se afastar cada vez mais do calvinismo, fazendo um percurso na direção dos batistas gerais.
            Os batistas particulares surgiram de igrejas congregacionais que abraçaram o batismo por imersão. Não estabeleceram vínculos históricos com os anabatistas.
            Os batistas gerais são para nós os verdadeiros batistas, os quais não apenas tem uma soteriologia consentânea com o batismo adulto, voluntário e sob profissão de fé, mas podem invocar atrás de si a continuidade apostólica por meio de diversos grupos que, desde a Constantinização da Cristandade, não pactuaram com ela.

Dr. Glauco Barreira Magalhães Filho

OBS: Para quem quiser saber sobre a posição histórica dos Batistas do Sul (EUA), leia o artigo “Uma afirmação do Entendimento Batista do Sul Tradicional  do Plano de Salvação de Deus”:  http://institutopietistadecultura.blogspot.com.br/2012/06/uma-afirmacao-do-entendimento-batista.html


domingo, 22 de janeiro de 2017

Rev. Glauco Barreira Magalhães Filho profere discurso em Manifestação Contra o Aborto em Fortaleza - 22/01/2017

O Dr. Glauco Barreira Magalhães Filho (pastor batista e professor universitário) proferiu discurso contra o aborto em Manifestação ocorrida hoje na Praça Portugal em Fortaleza-CE.






quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

SAIBA TUDO SOBRE A GRANDE VIAGEM DOS 500 ANOS DA REFORMA PROTESTANTE (Fortaleza, São Paulo e Rio de Janeiro)! OPORTUNIDADE IMPERDÍVEL! NÃO DEIXE DE LER!







Em julho, pela RAFASTOUR, sairá uma grande caravana para a Alemanha e Suíça. Trata-se de uma viagem, com foco histórico e teológico, para comemoração dos 500 anos da Reforma Protestante. Na oportunidade, serão visitados os lugares, prédios, museus, castelos e igrejas que foram marcantes para a Reforma Luterana e Calvinista. No percurso, além das identificações históricas, teremos palestras teológicas edificantes sobre os grandes temas da Reforma do século XVI. Apesar de Fortaleza ser o “carro-chefe”, um grupo sairá do Rio de Janeiro e outro sairá de São Paulo, havendo o encontro e unificação do grupo em Lisboa.

O líder espiritual será o Rev. Dr. Glauco Barreira Magalhães Filho, que é Pastor Batista, Graduado em Teologia pela Universidade Metodista de São Paulo (também Graduado em Direito pela UFC), com Doutorado em Ministério pela FTML (também em Sociologia da Religião pela UFC[1]), Pós-graduado em Teologia Histórica e Dogmática pela FAERPI (além de Livre-Docente em Filosofia pela UVA) e Doutor Honoris Causa pelo SODIMA (Seminário Ortodoxo Diocesano de Maracanaú). O Dr. Glauco Barreira Magalhães Filho é professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará na disciplina de Hermenêutica Jurídica (Graduação) e Estudos do Imaginário Jurídico (Mestrado e Doutorado), professor e Diretor do Instituto Pietista de Cultura, membro do NERPO (Núcleo de Estudos de Religião, Política e Cultura) da Universidade Federal do Ceará, Coordenador da Sociedade de Direito Natural (Faculdade de Direito da UFC) e Coordenador (e idealizador) da COMUNIE (Comunhão Universitária Evangélica).

O Dr. Glauco Barreira Magalhães Filho escreveu dois livros sobre a Reforma Protestante: “Teologia, Protestantismo e Espiritualidade” (Ed. Vida –Ganhador do Prêmio Areté) e “A Reforma Protestante e o Estado de Direito” (Fonte Editorial). Prefaciou duas obras sobre temas ligados à Reforma: “Estado Moderno: Reforma e Contra-Reforma” (Ed. Premius) e “Nas Chamas por Cristo” de Dave e Neta Jackson (Ed. Moriá). Além disso, escreveu vários livros sobre a obra de C. S. Lewis: “O Imaginário em As Crônicas de Nárnia” (Ed. Mundo Cristão), “Lições das Crônicas de Nárnia” (Abba Press) e “Teologia e Imaginário” (Ed. Reflexão). Para conhecer a vasta produção bibliográfica do Dr. Glauco: http://cristianismoeuniversidade.blogspot.com.br/2014/05/publicacoes-do-dr-glauco-barreira.html

As palestras do Dr. Glauco Barreira Magalhães Filho na Alemanha e Suíça gerarão um certificado de Curso Teológico sobre os 500 anos da Reforma Protestante para os participantes.

O valor do investimento é de 2.995 euros (converter em reais na cotação vigente), divididos em prestações. Inclui aéreo, terrestre, hotel com café da manhã, o jantar em várias noites, o curso e a certificação.









[1] Em seu Doutorado em Sociologia pela UFC pesquisou na Alemanha e na Inglaterra sobre a influência da Reforma Protestante e dos puritanos na modelação do Estado Moderno.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

PROTESTANTISMO, ANABATISMO E O CANTO DA SEREIA ROMANISTA


                                          Três esclarecimentos para o nosso tempo:


(1) Algumas pessoas pensam que os protestantes e os anabatistas (incluídos os batistas gerais) supõem que seu surgimento deriva da Reforma Religiosa do século XVI, como diz a Igreja Romana. A verdade, porém, é que tanto Lutero como Calvino acreditavam que a igreja verdadeira sobreviveu desde os apóstolos, mas se manteve no cativeiro babilônico (romanista e papista) da Idade Média até a Reforma, quando foi libertada. Para Lutero e Calvino, dentro da Igreja Romana (como uma “ecclesiola in ecclesia” –  uma igreja menor dentro da maior), sobreviveu o cristianismo apostólico. Isso aconteceu em mosteiros que conseguiram se manter longe da ingerência papal, com Wycliffe e os lollards, com Huss e os hussitas, com Jerônimo Savonarola, com João de Wessalia, com Wesselus, etc.
            Para os anabatistas, mais radicais que os reformadores na restauração do cristianismo primitivo, a igreja verdadeira sobreviveu fora do catolicismo romano (cujo início deu-se no século IV), através de “grupos sectários” (montanistas, donatistas, paulicianos, valdenses, albigenses evangélicos, etc.).
            Nem protestantes, nem anabatistas acham que surgiram apenas no século XVI.

(2) A Igreja Romana, às vezes, fala com linguagem “cordial”, dizendo que Lutero foi bem intencionado, mas que se equivocou ao romper com o papa em vez de ter ajudado a melhorar as coisas. Tais afirmações, porém, “ignoram” cinicamente que Lutero realmente não queria sair da Igreja, mas libertá-la do cativeiro. O problema é que ele foi obrigado a retratar-se sob pena de excomunhão. Entre as teses de que ele deveria se retratar estava, inclusive, aquela na qual dissera que queimar hereges era contrário à obra do Espírito Santo. Lutero não rompeu com a igreja, mas foi expulso! Não foi convidado a ajudá-la, mas a retratar-se!

(3) Os papistas atuais convidam protestantes e evangélicos para se unirem com Roma como irmãos, pois "as diferenças entre os dois lados são insignificantes". Muitos evangélicos têm caído nesse canto da sereia, passando a considerar a soteriologia católica como uma versão imperfeita, mas genuína do evangelho. Ora, dizer que as diferenças são insignificantes é dizer que Lutero e os reformadores do século XVI erraram! Se as diferenças eram insignificantes tudo que foi feito no século XVI foi realizado por algo insignificante? Todos os mártires protestantes na Inquisição morreram por algo insignificante?

            Todos os reformadores sustentaram que a doutrina FORENSE da justificação (Justiça de Cristo IMPUTADA) pela fé SOMENTE era a verdade que decide se uma igreja ainda está de pé ou já caiu. Eles lutaram não por algo insignificante, mas pelo coração do evangelho!


Dr. Glauco Barreira Magalhães Filho

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

A QUESTÃO DO DÍZIMO

                                                            Rev. Glauco B. Magalhães Filho



            A precipitação de opiniões e as desinformações na internet dão promoção a vários pensamentos heréticos e infundados do ponto de vista histórico e bíblico. Os sabatistas, por exemplo, dizem que Constantino criou a guarda do domingo (apesar de muitos pais da igreja já se referirem a consagração do domingo desde o século II), os unicistas e arianos dizem que a doutrina da Trindade foi criada pelo Concílio de Nicéia (apesar de Teófilo e Tertuliano terem escrito sobre a Trindade já no século II). Os “judaizantes” de hoje dizem que os pais da igreja helenizaram o cristianismo e o afastaram de suas raízes judaicas após os apóstolos (apesar de o Novo testamento ter sido escrito em grego e Paulo e o Concílio de Jerusalém terem repudiado o movimento judaizante). Há quem diga que os livros do Novo Testamento só foram selecionados no Concílio de Nicéia (apesar de o Código Muratoriano do século II já definir os livros do Novo Testamento).
Agora têm aparecido aqueles que dizem que o dízimo foi criado pela Igreja Romana em um Concílio da primeira fase da Idade Média (apesar de já mencionada sua prática no Didaquê do século II).
O que estas pessoas não percebem é que a Igreja Católica Romana é uma corporação religiosa que se baseia na tradição. Ela não cria repentinamente algo em Concílios, mas formaliza e regula práticas consuetudinárias anteriormente existentes (ainda que não sejam universalmente consensuais). O fato de um concílio regular juridicamente o dízimo não quer dizer que ele não existia antes como prática. A questão é saber se a prática é bíblica ou não.
Não podemos encurtar caminho para argumentação, dizendo que algo veio da Igreja Romana e começou em certa data por decisão de um Concílio. Esse argumento é uma falácia genética. Tudo que é decidido em Concílio na Igreja Romana tem precedente de crença e de uso (o que não significa que seja existente desde os dias dos apóstolos).
Não podemos também dizer que somos contra o dízimo por causa do abuso que dele se faz na Teologia da Prosperidade. “Abusus non tollit  usum” (“O abuso não tolhe o uso”). Precisamos encarar a responsabilidade de examinar as Escrituras acerca do assunto.
Segue uma pregação sobre o dízimo à luz da Bíblia e um link para um artigo que analisa a posição dos Pais da Igreja corretamente sobre o assunto:



Link para artigo sobre os Pais da Igreja: http://anabatistasemfortaleza.blogspot.com.br/2016/12/o-dizimo-e-os-pais-da-igreja-rev-glauco.html?showComment=1481735799393

Rev. Glauco Barreira Magalhães Filho prega sobre "Convicção de salvação e antecipações celestiais" no Primeiro Domingo de 2017