CRISTIANISMO E UNIVERSIDADE

Seja bem-vindo a "CRISTIANISMO E UNIVERSIDADE". Aqui procuraremos apresentar artigos acerca de assuntos acadêmicos relacionados aos mais diversos saberes, mantendo sempre a premissa de que a teologia é a rainha das ciências, pois trata dos fundamentos (pressupostos) de todo pensamento, bem como de seu encerramento ou coroamento final. Inspiramo-nos em John Wesley, leitor voraz de poesia e filosofia clássica, conhecedor e professor de várias línguas, escritor de livros de medicina, teólogo, filantropo, professor de Oxford e pregador fervoroso do avivamento espiritual que incendiou a Inglaterra no século XVIII.

A situação atual é avaliada dentro de seus vários aspectos modais (econômico, jurídico, político, linguístico, etc.), mas com a certeza de que esses momentos da realidade precisam encontrar um fator último e absoluto que lhes dê coerência. Esse fator último define a cosmovisão adotada. Caso não reconheçamos Deus nela, incorreremos no erro de absolutizar algum aspecto modal, que é relativo por definição.

A nossa cosmovisão não é baseada na dicotomia "forma e matéria" (pensamento greco-clássico), nem na dicotomia "natureza-graça" (catolicismo), nem na "natureza-liberdade" (humanismo), mas, sim, na tricotomia "criação-queda-redenção" (pensamento evangélico).

ESTE BLOG INICIOU EM 09 DE JANEIRO DE 2012





terça-feira, 19 de março de 2013

PEDRO E A IGREJA DE ROMA


A igreja católica romana afirma que Pedro foi o fundador da igreja de Roma e o seu primeiro bispo. Seriam verdadeiras essas afirmações? O presente artigo pretende oferecer respostas.
            A Bíblia não diz em passagem alguma que Pedro tenha sido o bispo de Roma. Provavelmente, a igreja de Roma foi fundada por pessoas estrangeiras que estavam em Jerusalém e se converteram no dia de Pentecostes. Essas pessoas foram espalhadas depois da perseguição seguinte a morte de Estevão e pregaram o evangelho por toda parte (Atos 8: 4).
            Paulo escreveu uma carta para a igreja de Roma. No último capítulo, ele mandou saudação nominal para várias pessoas, mas não mencionou em parte alguma o nome de Pedro.
            No livro de Atos, nós lemos que Paulo chegou a Roma e reuniu-se com os irmãos (Atos 28:15). Nenhuma menção é feita a Pedro.
            Vamos agora considerar a opinião de alguns historiadores católicos. Comecemos com o sacerdote romanista LORENZO TURRADO. Ele falou o seguinte sobre o nascimento da igreja em Roma:

            “O mais provável é que resultara da cooperação de muitos, em virtude de muita gente de todos os países afluir aRoma, por sua condição de Capital do Império, sendo, pois, óbvio supor-se que, entre tantos, houvesse também cristãos, os quais se agrupavam em comunidade, levando a mensagem do Evangelho aos habitantes da cidade. É possível que isto acontecesse desde os primeiros dias da Igreja se os ‘FORASTEIROS ROMANOS’ ouvintes da pregação de Pedro no dia de Pentecostes (Atos 2: 10) se converteram.”

            Acerca da tradição que diz ter Pedro ido a Roma no reinado de Cláudio (41-54) e lá permanecido por 25 anos, diz TURRADO:

            “Temos que reconhecer, todavia, que todas estas informações são tardias e, embora por muitos aceitas, NÃO SÃO SUFICIENTEMENTE GARANTIDAS.” (BÍBLIA COMENTADA – Biblioteca de Autores Cristianos, Madrid, 1965, Vol. VI, p. 251-252).

            Para TURRADO, a única coisa de que não se pode duvidar é do martírio de Pedro em Roma.
            O autor católico Philip Hugues, em sua “História da Igreja de Cristo”, cuja tradução para o português foi divulgada em 1954 pela Companhia Editora Nacional (S. Paulo), disse:

            “Não sabemos a data precisa em que a Igreja de Roma foi fundada, tampouco a data em que S. Pedro, pela primeira vez, foi a esta cidade” (p. 17-18).

            O frade DAGOBERTO ROMAG, OFM, lente de História Eclesiástica, em seu livro “Compêndio de História da Igreja” (Petrópolis: Vozes, 1939), disse:

            “Infelizmente, as notícias que possuímos de S. Pedro são muito escassas. Os Atos dos Apóstolos só se referem a sua pregação em Jerusalém e outras partes da Palestina até o batismo de Cornélio. A sua atividade durante os anos seguintes é quase completamente desconhecida”(p. 48).

            Se o bispado de Pedro em Roma fosse tão importante como o catolicismo quer sugerir, porque a Bíblia não destacou isso? Por que a Bíblia não reconheceu qualquer superioridade da igreja romana sobre as outras?
            DANIEL ROPS é um autor católico que foi membro da Academia Francesa de Letras. Ele publicou em 6 volumes a sua “História da Igreja de Cristo”, cuja tradução para o português foi divulgada pela Livraria Tavares Martins, de Porto (Portugal), em 1960. Seguem as suas palavras:

            “A estada de S. Pedro em Roma constitui um dos mais palpitantes assuntos de discussão pelo que se refere a esse período da história cristã, discussão tanto mais viva quanto uma relação precisa entre a igreja de Roma e S. Pedro é evidentemente de toda a importância, quanto à origem da autoridade dos papas”(p. 108- nota 22).

            “Infelizmente, não temos informações seguras sobre a ação desenvolvida pelo príncipe dos apóstolos depois de sua estada em Antioquia” (p. 108-109).

            É claro que todos esses autores, sendo católicos, sustentam que Pedro foi Papa em Roma. São obrigados a sustentar aquilo de que não estão convencidos como historiadores. Tenho piedade deles!
            Algumas “autoridades romanistas”, entretanto, não mostram nenhum resquício de bom senso em sua submissão ao dogma papista. O clérigo Rivaux, em seu “Tratado de História Eclesiástica” (Porto, 1876), disse:

            “O pontificado de S. Pedro durara 33 anos e alguns meses, dos quais, quase 8 passados em Jerusalém e, depois, em Antioquia, e 25 anos, 2 meses e 7 dias em Roma” (p. 78).
            O papista esqueceu de mencionar as horas, os minutos e os segundos!

            A Bíblia não coloca Roma em nenhuma proeminência. A igreja nasceu em Jerusalém (Atos 2). As missões gentílicas saíram de Antioquia (Atos 13). Foi a partor de Roma que vieram as mais severas perseguições contra os cristãos. Daniel profetizou que o povo do futuro anticristo destruiria Jerusalém e o templo (Daniel 9: 26) e nós sabemos que os romanos fizeram isso no ano 70 da era cristã. O próprio Pedro chamou Roma de BABILÔNIA (I Pedro 5: 13), termo que no Apocalipse designa o falso sistema religioso. O pai da igreja denominado Irineu (130-202 d.C) sugeriu a associação do nome “Lateinos” (de “latim”, língua romana) com o número 666 (“Contra as Heresias”, Lv. 5, cap. 30).
            Vale salientar que a igreja primitiva não tinha o bispado monárquico. Em cada igreja havia muitos bispos (Filipenses 1:1, Atos 20: 17, 28).
Pedro se considerava apenas um bispo ou presbítero entre outros:

            “Portanto, suplico aos presbíteros que há entre vós, eu que sou presbítero com eles”(I Pedro 5: 1).

            Jesus disse a Pedro que pastoreasse as suas ovelhas (junto com os outros) e não que pastoreasse os seus pastores!

Dr. Glauco Barreira Magalhães Filho (Doutor em Sociologia, Doutor em Teologia, Doutor em Ministério, Pós-graduado em Teologia Histórica e Dogmática, Professor de Hermenêutica)

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