Nessa era confusa em que vivemos, toda sorte de surpresas tem aparecido. Um onda de novo calvinismo vem emergindo, recrutando para suas fileiras muitos batistas e pentecostais. Tudo vem acompanhado pelo discurso de fidelidade à Reforma Protestante e ao pensamento de Calvino. Uma investigação mais acurada, porém, revela que não há fidelidade, mas distanciamento de Calvino e da posição original da Reforma. Muitos deles defendem a evolução teísta e sustentam a neurociência materialista para garantir o determinismo da predestinação. O pior é que muitos nesse movimento tem surpreendido a todos declarando uma volta ao catolicismo romano. Trata-se dos "novos evangélicos semi-romanistas", que vivem há um passo de Roma. Para que todos fiquem advertidos desse movimento, aponto algumas de suas características:
(1) DIZEM QUE PEDRO, E NÃO JESUS (CONFESSADO), É A PEDRA DE MATEUS 16: 18. Eles defendem que, embora Pedro não tenha tido sucessor, ele teve primazia entre os apóstolos e o primado na igreja primitiva. Essa falsa interpretação faz com que o "protestante", ao ler o livro de Atos, esteja sempre vendo a igreja primitiva muito mais parecida com a Igreja Católica de hoje do que com uma igreja evangélica atual. Paulatinamente, ele vai ganhando simpatia por Roma.
Além disso, a sucessão da imaginária posição de Pedro na igreja primitiva, embora não possa ser achada na Bíblia, vai se tornando plausível e razoável. Se a igreja primitiva, tomada por uma intensidade de ação e direção do Espírito precisou de um líder humano, porque, então, agora, divida, sem tanta ação evidente do Espírito não precisaria. Quem sabe essa não será uma interpretação que favorecerá a que falsos crentes aceitem o governo religioso do falso profeta (segunda besta do Apocalipse) na grande tribulação?
Como um evangélico pode acreditar que o Corpo Místico (Igreja Invisível) está fundado em um homem falho como Pedro? Como pode Pedro, como alicerce, garantir tão grande coisa como a Salvação (E AS PORTAS DO INFERNO NÃO PREVALECERÃO CONTRA ELA)?
(2) DIZEM QUE MARIA É MÃE DE DEUS. É verdade que Lutero e Calvino quiseram manter a definição ambígua de um dos concílios da igreja, segundo a qual Maria é "mãe de Deus SEGUNDO A HUMANIDADE". Os luteranos e calvinistas posteriores, porém, recusaram a expressão, como os anabatistas já faziam. Perceberam que a Bíblia não a usa e que, embora Jesus seja uma só pessoa em duas naturezas, atribuir certas peculiaridades humanas à consideração divina de Jesus pode gerar expressões blasfemas. Assim, não devemos dizer que Deus esteve morto por três dias, ou que Deus nasceu, ou que Deus tem mãe. Voltar ao equívoco é retroceder na evolução natural das conclusões da Reforma.
(3) DIZEM QUE A DOUTRINA DA REFORMA DA CLAREZA DAS ESCRITURAS FOI UM ERRO. Ao criarem escopos teológico-filosóficos para interpretar a Bíblia, criam uma nova linguagem, cheia de sofisticações e sutilezas. Confundindo sua "teologia" complexa com a própria Bíblia, dizem que a Bíblia não é clara, quando a sua "teologia" é que obscurece o sentido simples da Escritura.
(4) VALORIZAM LITURGIAS E EFICÁCIAS SACRAMENTAIS. Enfatizam a tradição, como suporte de interpretação, mas buscam não a tradição hermenêutica (anterior à Reforma) dos grupos "sectários" que foram realmente fiéis ao "Somente Escritura" (antigos valdenses, paulicianos, petrobrusianos, arnaldistas, etc), dos pré-reformadores e dos primeiros "pais" da igreja, mas, sim, uma tradição mais ligada ao romanismo. Valorizam práticas litúrgicas sobre os sermões e acreditam em operação "mágica" ou inerente dos sacramentos.
(4) REVELAM UMA NECESSIDADE (FRUTO DE BAIXA ESTIMA) DE DIZER QUE ESTÃO ASSOCIADOS AO CATOLICISMO ROMANO NUMA HERANÇA COMUM, EM VEZ DE TEREM O CATOLICISMO ROMANO COMO UM PAGANISMO CRISTIANIZADO. Eles gostam de falar em CATOLICIDADE da igreja e tem um fascínio pela hegemonia romanista e seu poder institucional na Idade Média.
(5) DIZEM QUE A JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ NÃO É O ASSUNTO CENTRAL DE PAULO, NEM MESMO NA CARTA AOS ROMANOS (QUE, SEGUNDO ELES, TERIA FOCO ESCATOLÓGICO E NÃO SOTERIOLÓGICO). Ou redefinem a Justificação pela fé ou a tornam uma doutrina irrelevante e secundária, afastando-se dos reformadores que a consideravam decisiva para saber se uma igreja estava de pé ou caída.
Temos que caminhar para a perfeição do evangelho, não para velhos erros!
Rev. Glauco Barreira Magalhães Filho
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