CRISTIANISMO E UNIVERSIDADE

Seja bem-vindo a "CRISTIANISMO E UNIVERSIDADE". Aqui procuraremos apresentar artigos acerca de assuntos acadêmicos relacionados aos mais diversos saberes, mantendo sempre a premissa de que a teologia é a rainha das ciências, pois trata dos fundamentos (pressupostos) de todo pensamento, bem como de seu encerramento ou coroamento final. Inspiramo-nos em John Wesley, leitor voraz de poesia e filosofia clássica, conhecedor e professor de várias línguas, escritor de livros de medicina, teólogo, filantropo, professor de Oxford e pregador fervoroso do avivamento espiritual que incendiou a Inglaterra no século XVIII.

A situação atual é avaliada dentro de seus vários aspectos modais (econômico, jurídico, político, linguístico, etc.), mas com a certeza de que esses momentos da realidade precisam encontrar um fator último e absoluto que lhes dê coerência. Esse fator último define a cosmovisão adotada. Caso não reconheçamos Deus nela, incorreremos no erro de absolutizar algum aspecto modal, que é relativo por definição.

A nossa cosmovisão não é baseada na dicotomia "forma e matéria" (pensamento greco-clássico), nem na dicotomia "natureza-graça" (catolicismo), nem na "natureza-liberdade" (humanismo), mas, sim, na tricotomia "criação-queda-redenção" (pensamento evangélico).

ESTE BLOG INICIOU EM 09 DE JANEIRO DE 2012





sábado, 19 de abril de 2014

OS PURITANOS INGLESES E A SIMPLICIDADE

         



A principal característica dos puritanos ingleses do século XVII era a simplicidade. O orgulho era associado ao crime de Satanás, enquanto a humildade era a condição indispensável para ter a presença e a assistência de Deus. Correlata a essa humildade estava a paixão pela glória divina.
            A simplicidade dos puritanos era expressa tanto na forma de culto como numa devoção singela baseada na Bíblia, na oração e na ceia do Senhor. Eles também eram simples no seu modo de vestir e de se apresentar. Com certeza, não veríamos entre eles um pregador de cabelos tingidos, nem uma mulher escondida atrás de uma máscara de maquiagem e jóias. Havia, portanto, coerência na relação entre a vida e os princípios.
            O jurista Ronald Dworkin inspirou-se na integridade protestante para defender a sua teoria do “Direito como Integridade”:

            “Torna-se uma idéia mais impregnada da noção protestante de fidelidade a um sistema de princípios que cada cidadão tem a responsabilidade de identificar, em última instância para si mesmo, como o sistema da comunidade à qual pertence”. (O Império do Direito,SP: Martins Fontes, 1999, p.231).

            Thomas Watson, notável ministro puritano, disse em um livro intitulado “A DOUTRINA DO ARREPENDIMENTO”, publicado em 1668:

            “Arrependam-se de suas vãs modas. É estranho que as vestes que Deus dá para cobrir a vergonha desvendem o orgulho. Os piedosos não estão obrigados a conformar-se a este mundo (Rom. 12: 2). As pessoas do mundo geralmente são pomposas e levianas em sua maneira de vestir-se. Hoje em dia é moda ir para o inferno. Mas, seja o que for que outros façam, contudo, ‘ó Judá, não se faça culpado’(Oséias 4: 15). O apóstolo estabeleceu que tipo de veste exterior os cristãos devem usar: ‘traje honesto, com pudor e modéstia’ (I Tim. 2: 9); e que tipo de roupa interior: ‘revesti-vos de humildade’ (I Pedro 5: 5)”.

Hoje, vejo pregadores que se dizem admiradores dos puritanos, mas, em seus sermões triunfa a forte projeção de suas personalidades. Falam de forma esnobe, exibindo conhecimentos de teologia acadêmica sem o calor de uma vida de oração, enquanto as mulheres se preparam para ir à igreja com o mesmo espírito que uma “madame” se apronta para um evento social mundano. Mais adiante, no livro já citado, Thomas Watson disse:

            “As mulheres israelitas que passavam uma hora vestindo-se diante do espelho com orgulho, depois ofereceram os seus espelhos para uso e serviço do tabernáculo de Deus, como uma forma de vingança por seu pecado (Êxodo 38: 8)”.


            No ambiente jurídico, a ostentação é institucionalizada. Passam a idéia de que sem ela não haverá oportunidades profissionais. A vaidade e a soberba corrompem esse ambiente social. As pessoas precisam ter “carrões” (ainda que tenham que alugar) e de ternos da melhor marca para parecerem “alguma coisa”. Os cristãos, porém, não podem cair nesta cilada do diabo, confundindo o mundo das aparências com o mundo real.
            Richard Baxter, pastor puritano que viveu de 1615 a 1691, disse em seu livro “Directions and Persuasions to a Sound Conversation”:


            “A humilhação também deve ser expressa através de todos aqueles meios e sinais externos, aos quais Deus nos conclama, seja por meio das Escrituras ou da nossa própria natureza. Por exemplo: lágrimas e gemidos, tanto quanto oportunamente nos ocorra; o jejum e a atitude de prostrar-nos em virtude de nossa pompa e frivolidades mundanas; pelo uso de roupas simples, porém decentes; condescendendo com os menos favorecidos e se sujeitando aos mais humildes”.

            Talvez eu perca a simpatia de alguns cristãos professos pelo que escrevo, mas não podemos perder mais tempo, pois saímos demais do rumo. Não uso a minha própria autoridade no falar, mas, sim, a autoridade das Escrituras, apelando para interpretação coincidente de homens santos do passado, os quais dizemos admirar em nossas igrejas.

            Rev. Glauco Barreira Magalhães Filho


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